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05/06/2001
-
11h06
Em 1934, o jovem Orlando Baroni, então com 17 anos, e os outros 16 rapazes que ingressaram no curso de agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz tiveram uma surpresa no primeiro dia de aula: havia, em sua turma, uma mulher.
"Foi algo que nós não esperávamos", diz Baroni, 83.
Victoria Veridiana Rossetti foi colega de Baroni durante cinco anos e a primeira mulher a se formar agrônoma no Brasil, em 1939.
Mais do que isso, Victoria conseguiu, ao longo de sua carreira como pesquisadora, destacar-se mais do que qualquer outro colega de turma.
Especializada em citricultura, foi ela que, em 1990, identificou a clorose variegada dos citros (CVC), doença popularmente conhecida como amarelinho.
Participou também da equipe que, sete anos mais tarde, isolaria a bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença, ao lado de cientistas como o francês Joseph-Marie Bové.
Hoje, aos 83 anos, a pesquisadora diz que o fato de ser mulher nunca atrapalhou sua carreira.
"Sempre fui respeitada e bem recebida. Além disso, depois de mim, vieram outras mulheres."
Uma delas é a atual presidente do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Marilena Lazzarini.
Formada em 1971, Marilena conta que participou ativamente do movimento estudantil e das reuniões no Centro Acadêmico Luiz de Queiroz.
"Naquela época, havia muita discussão política, e nós respirávamos o clima da faculdade 24 horas por dia", diz.
Por ironia, hoje uma das mais duras opositoras dos plantios transgênicos, Marilena frequentou a mesma faculdade que Antonio Carlos Queiroz, ex-presidente no Brasil da Monsanto, uma das gigantes da biotecnologia.
Tradição em Piracicaba, as repúblicas estudantis existem desde os primeiros tempos da Esalq.
Atualmente o aluno mais antigo ainda vivo da escola, o aposentado Nicanor de Camargo Neves, 96, foi morador da "República dos Coronéis" no terceiro e no quarto anos de faculdade.
Formado em 1925, Neves perdeu há cerca de três anos seu último colega de classe e de quarto, Vital Pacífico Homem. "Nossa amizade durou mais de 80 anos, até que ele morreu", lamenta.
Lição de convívio
Ex-alunos ilustres, como o empresário Jorge Maeda e os professores Fernando Homem de Mello e Décio Zylberstejn, da USP, também moraram em repúblicas ("Grade", "Rancho Fundo" e "Zonzeira", respectivamente). "Foi uma lição de convívio, uma escola à parte da Esalq", resume Homem de Mello.
Atualmente, há mais de 60 repúblicas de estudantes da Esalq espalhadas por Piracicaba, segundo o presidente do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, Gustavo Camignoto Geiser, 21, conhecido como "Gibão" -os apelidos dados pelos veteranos aos "bixos" (calouros) são outra tradição da Esalq e os acompanham durante todo o curso.
Algumas repúblicas já duram mais de 40 anos, afirma Gibão, que mora na "Coração de Mãe", fundada em 1978.
"Os moradores estão sempre se mudando, mas as repúblicas permanecem", diz o estudante.
Todas reservam espaço, por exemplo, aos chapéus de seus ex-moradores, que ficam expostos em uma parede da casa.
Instalada sobre uma padaria nas proximidades da Esalq, a Coração de Mãe abriga hoje seis estudantes, que se tratam apenas por seus apelidos ("Papa-Capim" e "Varvulado", de 19 anos, "Fritas", "Monstro" e "Boni", de 21 anos, além de Gibão).
O morador mais antigo, porém, é o cão Aldair, que chegou à Coração de Mãe em 1993.
Tradição une o novo e o antigo na Esalq
da Folha de S.PauloEm 1934, o jovem Orlando Baroni, então com 17 anos, e os outros 16 rapazes que ingressaram no curso de agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz tiveram uma surpresa no primeiro dia de aula: havia, em sua turma, uma mulher.
"Foi algo que nós não esperávamos", diz Baroni, 83.
Victoria Veridiana Rossetti foi colega de Baroni durante cinco anos e a primeira mulher a se formar agrônoma no Brasil, em 1939.
Mais do que isso, Victoria conseguiu, ao longo de sua carreira como pesquisadora, destacar-se mais do que qualquer outro colega de turma.
Especializada em citricultura, foi ela que, em 1990, identificou a clorose variegada dos citros (CVC), doença popularmente conhecida como amarelinho.
Participou também da equipe que, sete anos mais tarde, isolaria a bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença, ao lado de cientistas como o francês Joseph-Marie Bové.
Hoje, aos 83 anos, a pesquisadora diz que o fato de ser mulher nunca atrapalhou sua carreira.
"Sempre fui respeitada e bem recebida. Além disso, depois de mim, vieram outras mulheres."
Uma delas é a atual presidente do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Marilena Lazzarini.
Formada em 1971, Marilena conta que participou ativamente do movimento estudantil e das reuniões no Centro Acadêmico Luiz de Queiroz.
"Naquela época, havia muita discussão política, e nós respirávamos o clima da faculdade 24 horas por dia", diz.
Por ironia, hoje uma das mais duras opositoras dos plantios transgênicos, Marilena frequentou a mesma faculdade que Antonio Carlos Queiroz, ex-presidente no Brasil da Monsanto, uma das gigantes da biotecnologia.
Tradição em Piracicaba, as repúblicas estudantis existem desde os primeiros tempos da Esalq.
Atualmente o aluno mais antigo ainda vivo da escola, o aposentado Nicanor de Camargo Neves, 96, foi morador da "República dos Coronéis" no terceiro e no quarto anos de faculdade.
Formado em 1925, Neves perdeu há cerca de três anos seu último colega de classe e de quarto, Vital Pacífico Homem. "Nossa amizade durou mais de 80 anos, até que ele morreu", lamenta.
Lição de convívio
Ex-alunos ilustres, como o empresário Jorge Maeda e os professores Fernando Homem de Mello e Décio Zylberstejn, da USP, também moraram em repúblicas ("Grade", "Rancho Fundo" e "Zonzeira", respectivamente). "Foi uma lição de convívio, uma escola à parte da Esalq", resume Homem de Mello.
Atualmente, há mais de 60 repúblicas de estudantes da Esalq espalhadas por Piracicaba, segundo o presidente do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, Gustavo Camignoto Geiser, 21, conhecido como "Gibão" -os apelidos dados pelos veteranos aos "bixos" (calouros) são outra tradição da Esalq e os acompanham durante todo o curso.
Algumas repúblicas já duram mais de 40 anos, afirma Gibão, que mora na "Coração de Mãe", fundada em 1978.
"Os moradores estão sempre se mudando, mas as repúblicas permanecem", diz o estudante.
Todas reservam espaço, por exemplo, aos chapéus de seus ex-moradores, que ficam expostos em uma parede da casa.
Instalada sobre uma padaria nas proximidades da Esalq, a Coração de Mãe abriga hoje seis estudantes, que se tratam apenas por seus apelidos ("Papa-Capim" e "Varvulado", de 19 anos, "Fritas", "Monstro" e "Boni", de 21 anos, além de Gibão).
O morador mais antigo, porém, é o cão Aldair, que chegou à Coração de Mãe em 1993.
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