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07/06/2001 - 18h03

Painel mostra a Bush que o aquecimento global está piorando

do "The New York Times"

Um painel de cientistas norte-americanos de prestígio declarou hoje que o aquecimento global é um problema real e está piorando, uma conclusão que pode levar o presidente George W. Bush a mudar sua posição em relação ao tema, uma vez que ele irá, na próxima semana, à Europa, onde os Estados Unidos são vistos como a principal fonte da poluição do ar considerada responsável pela alteração climática.

Num ansiado relatório da Academia Nacional de Ciências, 11 dos principais cientistas atmosféricos, incluindo alguns anteriormente céticos quanto ao aquecimento global, reafirmaram a visão científica mais aceita de que a atmosfera da Terra está ficando mais quente e de que as atividades humanas são em grande parte responsáveis por isso.

"Os gases do efeito estufa estão se acumulando na atmosfera terrestre como resultado das atividades humanas, causando o aumento das temperaturas do ar da superfície e da sub-superfície oceânica", diz o relatório. "As temperaturas estão, de fato, aumentando."

O relatório foi requisitado pela Casa Branca no mês passado, antecipando um encontro internacional sobre aquecimento global que acontecerá em Bonn no mês de julho mas chegou pouco antes de o presidente Bush partir na semana que vem para a Europa, uma viagem que inclui conversas sobre o aquecimento global com líderes dos 15 países da União Européia em Göteborg, Suíça.

Os líderes europeus se mostraram ofendidos em março quando Bush rejeitou o pacto contra o aquecimento global conhecido como Protocolo de Kyoto, um tratado internacional negociado em Kyoto, no Japão, em 1997, e o assunto tem se tornado um teste importante para a política externa de sua administração.

Na primeira declaração da Casa Branca sobre as conclusões da academia, Condoleezza Rice, consultora de Bush para segurança nacional, disse a repórteres ontem: "Este é um presidente que leva extremamente a sério o que sabemos sobre a mudança climática, que essencialmente which is essentially that there is warming taking place.'

"Alguém poderia querer estar certo de que os países em desenvolvimento estão sendo levados em conta de alguma forma, de que a tecnologia e a ciência devam ser partes importantes dessa resposta, de que nós não podemos fazer nada que vá prejudicar a economia americana ou outras economias, porque o crescimento também é importante," ela disse. Em resposta aos críticos que tinham sugerido que Bush estava ignorando um tema que é preocupação internacional crescente, Rice descreveu o grupo como febrilmente comprometido em sua própria educação e na elaboração de uma proposta.

Muitos homens de negócios internacionais têm pressionado o governo a se posicionar de forma mais agressiva quanto a esse assunto. E foi o que fez um grupo poderoso dentre os consultores mais próximos de Bush, incluindo o secretário de Estado Colin L. Powell, a consultora Rice, o secretário do Tesouro Paul H. O'Neill, e Christie Whitman, administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA, sigla em inglês).

O relatório foi escrito por 11 cientistas atmosféricos que são membros da Academia Nacional de Ciências. Entre os autores está Richard S. Lindzen, um meteorologista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que por anos exprimiu ceticismo sobre algumas das previsões mais desastrosas feitas por outros cientistas do clima sobre a relevância do aquecimento provocado pelo homem.

O relatório foi requisitado no dia 11 de maio deste ano numa carta para Bruce Alberts, presidente da Academia Nacional de Ciências, de John M. Bridgeland, deputado que auxilia o presidente na domestic policy, e Gary Edson, deputado que o auxilia em questões econômicas internacionais.

Inicialmente, a Casa Branca fez duas perguntas à academia. A primeira:Quais são as maiores forças e fraquezas nos dados científicos que apontam para um aquecimento causado pelo homem? E a segunda: Há diferenças significativas entre a análise científica integral concluída recentemente pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, patrocinado pelas Nações Unidas, e o resumo executivo final?

Houve três avaliações do aquecimento global pelo painel internacional desde 1990, e cada uma delas esboçou uma figura mais definitiva que a anterior sobre a ligação das atividades humanas com a perspectiva de danos significativos à agricultura, aos ecossistemas e coastlines.

Mas conservadores no Congresso _ notably os senadores Hagel e Larry E. Craig, republicano de Idaho _ e grupos que representam as indústrias cujos negócios dependem de combustíveis fósseis vêm criticando há muito os resultados do painel internacional como sendo tendenciosos, chamando atenção, particularmente, para as diferenças entre os volumosos capítulos dedicados aos pontos científicos e os resumos com palavras breves que tend to influence policy.

O painel, liderado por Ralph J. Cicerone, chancellor da Universidade da Califórnia em Irvine, se reuniu inicialmente na Califórnia e passou as semanas seguintes averiguando intensamente a ciência existente.

O relatório fornece alguma munição aos críticos em sua descrição da conclusão do grupo internacional do clima. Ele conclui, por exemplo, que o painel internacional mostrou uma tendência em seu sumário executivo a understate caveats e manter o foco nas possíveis consequências mais extremas do aquecimento climático. Mas, acima de tudo, o painel descreveu o trabalho internacional como "admirável" e sustentou robustamente suas conclusões.

Numa entrevista por telefone hoje, Cicerone disse esperar que o relatório, by spelling out a base científica para várias previsões, vá dirimir some ceticismo sem fundamentos sobre aspectos do problema do aquecimento.

Um cientista do clima que criticou um rascunho do novo relatório para a academia disse que ninguém do governo deveria se surpreender com a natureza firme do resultado.

"Eles fizeram uma série de perguntas que teriam sido apropriadas em 1990", disse o cientista.

"Alô?", disse ele. "Onde vocês estiveram na última década?"

( KATHARINE Q. SEELYE e ANDREW C. REVKIN)
 

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