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16/06/2001 - 16h01

"Não" de Bush a tratado de Kyoto pode ajudar acordo do clima

CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo

A retirada definitiva dos EUA do Protocolo de Kyoto, anunciada anteontem na Suécia pelo presidente George W. Bush, pode ter um efeito espantosamente positivo sobre as negociações do acordo internacional para combater o efeito estufa, pois elimina o principal entrave às conversas até agora -a polarização entre as posições de EUA e Europa.

A opinião é do secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Fabio Feldman. Para ele, o fato de a grande polêmica do encontro entre Estados Unidos e União Européia ter sido o Protocolo de Kyoto é "positivo, porque mostra que o assunto ainda está na agenda. Havia o temor de que ele fosse esquecido".

O protocolo, assinado em 97, prevê a redução de 5,2% até 2012 nas emissões de gás carbônico (CO2) dos países industrializados. O gás, produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis, retém a radiação solar na atmosfera, esquentando o planeta.

Muitos especialistas consideram o protocolo morto sem os EUA. Afinal, para que ele seja implementado, é necessária sua ratificação (aprovação como lei pelo Parlamento) por 55 países, que somem pelo menos 55% das emissões de CO2 do planeta. Como os EUA respondem, sozinhos, por quase 25% das descargas globais do gás, as metas de Kyoto para aplacar o aquecimento global perderiam todo o efeito.

"Além do mais, muitos países, como o Brasil, amarraram a própria ratificação ao "sim" dos EUA", disse Feldman à Folha.

Por outro lado, a retirada americana deve uniformizar o discurso durante a próxima COP (Conferência das Partes), reunião para acertar os mecanismos de implementação do pacto, a realizar-se em julho em Bonn, Alemanha.

A conferência de Bonn é uma continuação da fracassada COP-6, que aconteceu em novembro na Holanda. O principal motivo do fiasco foi justamente um racha entre os EUA e a UE em relação à redução das emissões de CO2.

"O grande impasse foi que os americanos queriam fazer de tudo para não reduzir suas emissões domésticas", disse Feldman.

Abandonando o protocolo, segundo o secretário, Bush acabou unindo a Europa ainda mais em torno da ratificação, aumentando o comprometimento dos países que permanecem na mesa.

Os sinais de que o tiro de misericórdia americano saiu pela culatra intensificaram-se ontem. O primeiro-ministro da Suécia, Goran Persson, anunciou que a UE planeja mandar uma missão pelo mundo para conclamar os Estados a ratificar o acordo -até agora, só a Albânia o fez. Os principais serão o Japão, o Canadá e a Austrália, que têm partilhado posições americanas nas COPs.

A ministra japonesa das Relações Exteriores, Makiko Tanaka, disse ontem que trabalharia "até o último momento" para persuadir os EUA a voltar atrás.

Com agências internacionais
 

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