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21/06/2001 - 06h01

Estudo contesta troca de genes entre organismos

ISABEL GERHARDT
da Folha de S.Paulo

E a "briga" continua. Apesar de os dados do consórcio público mostrarem que o genoma humano carrega de 113 a 123 genes de bactéria, cientistas da empresa GlaxoSmithKline dizem que não.

Segundo James Brown, principal autor do estudo que sai hoje na "Nature", os genes não "pularam" diretamente das bactérias para os seres humanos, num processo que é conhecido como transferência horizontal. Eles chegaram por meio de ancestrais comuns, há milhões de anos.

A controvérsia sobre a presença de genes bacterianos no DNA humano esconde a disputa de grupos em duas frentes de batalha: genoma e organismos geneticamente modificados (OGMs).

No caso do genoma, quando os dados foram divulgados em fevereiro deste ano, o consórcio de instituições públicas apresentou como uma de suas descobertas surpreendentes (além do número pequeno de genes encontrados, cerca de 30 mil) a presença de 113 a 123 genes de bactérias.

Esses genes teriam sido incorporados por meio da transferência direta de bactérias para humanos e não como resultado do processo evolutivo, em que genes de bactérias vão passando de um organismo ancestral para outro, até chegar ao homem. Chegou-se a essa conclusão estudando organismos intermediários entre homens e bactérias, do ponto de vista evolutivo, que não apresentaram esses mesmos genes.

No mês passado, porém, num artigo da "Science", cientistas do Tigr (Instituto de Pesquisa Genômica), dos EUA, afirmaram que os genes provavelmente não foram encontrados nos organismos intermediários porque teriam se perdido através do tempo.

Já no caso dos OGMs, um dos temores da opinião pública é que genes de bactérias ou vírus, inseridos no genoma de plantas ou animais, possam ser transferidos diretamente para seres humanos.

Assim, ao ingerir um alimento transgênico, uma pessoa estaria correndo o risco de ter incorporado ao seu genoma o gene bacteriano ou viral. Mas os dados apresentados agora por Brown e sua equipe devem servir para diminuir esse tipo de temor.

"O fato é que, à medida que mais e mais genomas são sequenciados, as evidências da ocorrência de transferência horizontal também devem se tornar mais fracas", afirma Jeremy Peterson, pesquisador do Tigr.

O trabalho do grupo da GlaxoSmithKline baseou-se justamente na análise de mais genomas e na relação filogenética (história evolutiva) dos organismos.
 

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