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21/06/2001
-
21h24
da Folha de S.Paulo
Vírus que infectam naturalmente bactérias podem ser a fonte para o desenvolvimento de novos antibióticos. Pelo menos essa é a possibilidade aberta por um estudo feito por pesquisadores da Universidade A&M do Texas (EUA), que identificaram uma proteína viral capaz de provocar o colapso da célula bacteriana.
A maioria das bactérias é envolvida por uma parede resistente, que ajuda na proteção da membrana e na manutenção da forma do microrganismo.
Os bacteriófagos, ou simplesmente fagos, são tipos de vírus que infectam somente bactérias, multiplicando-se no seu interior até causar o rompimento e a morte do microrganismo.
O grupo liderado por Ryland Young descobriu como uma única proteína, chamada A2, presente num tipo de fago, o Q-beta, interfere no processo de síntese da parede celular, de maneira que a bactéria acaba se autodestruindo.
"O que essa proteína faz é induzir o microrganismo ao suicídio. Ele se divide, sem conseguir, no entanto, produzir uma nova parede celular. Dessa forma, morre", afirma Young.
O fago de onde essa proteína foi isolada é o segundo a mostrar uma molécula antibiótica desse tipo. Como a estimativa é que existam 10³¹ (o número 10 seguido de 31 zeros) partículas de fagos na biosfera, os cientistas acreditam haver diversidade suficiente para superar o surgimento de resistência a antibióticos pelas bactérias, um dos principais problemas de saúde hoje em dia.
Uso incorreto
Doenças infecciosas matam de 17 milhões a 20 milhões de pessoas por ano no mundo, segundo dados da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas.
Muitas dessas mortes são consequência da ineficiência da ação de antibióticos.
Uma das razões para o surgimento da resistência é o uso incorreto desse tipo de medicamento. Nos países industrializados, ocorre utilização em excesso, muitas vezes desnecessária. Nos países pobres, os antibióticos são subutilizados (em doses inferiores ao que seria recomendado). Assim, os microrganismos mais resistentes são os que conseguem sobreviver, passando a predominar na população.
A expectativa de Young e seus colaboradores é que a indústria farmacêutica se interesse pelos resultados da pesquisa, publicada na edição de amanhã da revista "Science".
"A partir do conhecimento da estrutura da proteína é possível desenhar uma droga", diz Young.
Proteína de um vírus pode virar antibiótico
ISABEL GERHARDTda Folha de S.Paulo
Vírus que infectam naturalmente bactérias podem ser a fonte para o desenvolvimento de novos antibióticos. Pelo menos essa é a possibilidade aberta por um estudo feito por pesquisadores da Universidade A&M do Texas (EUA), que identificaram uma proteína viral capaz de provocar o colapso da célula bacteriana.
A maioria das bactérias é envolvida por uma parede resistente, que ajuda na proteção da membrana e na manutenção da forma do microrganismo.
Os bacteriófagos, ou simplesmente fagos, são tipos de vírus que infectam somente bactérias, multiplicando-se no seu interior até causar o rompimento e a morte do microrganismo.
O grupo liderado por Ryland Young descobriu como uma única proteína, chamada A2, presente num tipo de fago, o Q-beta, interfere no processo de síntese da parede celular, de maneira que a bactéria acaba se autodestruindo.
"O que essa proteína faz é induzir o microrganismo ao suicídio. Ele se divide, sem conseguir, no entanto, produzir uma nova parede celular. Dessa forma, morre", afirma Young.
O fago de onde essa proteína foi isolada é o segundo a mostrar uma molécula antibiótica desse tipo. Como a estimativa é que existam 10³¹ (o número 10 seguido de 31 zeros) partículas de fagos na biosfera, os cientistas acreditam haver diversidade suficiente para superar o surgimento de resistência a antibióticos pelas bactérias, um dos principais problemas de saúde hoje em dia.
Uso incorreto
Doenças infecciosas matam de 17 milhões a 20 milhões de pessoas por ano no mundo, segundo dados da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas.
Muitas dessas mortes são consequência da ineficiência da ação de antibióticos.
Uma das razões para o surgimento da resistência é o uso incorreto desse tipo de medicamento. Nos países industrializados, ocorre utilização em excesso, muitas vezes desnecessária. Nos países pobres, os antibióticos são subutilizados (em doses inferiores ao que seria recomendado). Assim, os microrganismos mais resistentes são os que conseguem sobreviver, passando a predominar na população.
A expectativa de Young e seus colaboradores é que a indústria farmacêutica se interesse pelos resultados da pesquisa, publicada na edição de amanhã da revista "Science".
"A partir do conhecimento da estrutura da proteína é possível desenhar uma droga", diz Young.
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