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02/07/2001 - 08h22

Brasil tem pouca preocupação com clima, diz físico

da Folha de S.Paulo

Ao mesmo tempo que apóia vigorosamente a ratificação do Protocolo de Kyoto, o acordo mundial para combater o aquecimento do planeta, o Brasil corre o risco de ter um aumento nas próprias emissões de gases-estufa, devido a políticas públicas pouco preocupadas com o clima.

O descompasso entre diplomacia e decisões domésticas foi apontado sábado pelo físico Luiz Pinguelli Rosa, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) durante o primeiro seminário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em São Paulo.

Para ele, o projeto de construir termelétricas a gás (que emitem dióxido de carbono, principal responsável pelo efeito estufa) como solução para a crise energética está na contramão do Protocolo de Kyoto, que força os países a adotar matrizes energéticas limpas.

"Nós caímos de cabeça na [adoção da" termeletricidade. Isso poderia ser evitado por uma política pública preocupada com as emissões", afirmou o físico.

Instituído em 1999 com o objetivo de trazer o debate sobre o aquecimento global para a agenda da opinião pública brasileira, o fórum realizou sua primeira reunião aberta anteontem.

Foram discutidas as perspectivas para o protocolo após a desistência dos EUA, anunciada em março, e a maneira como o Brasil está se preparando para enfrentar o aquecimento global.

"A crise energética traz uma oportunidade para internalizar essa questão [das mudanças climáticas" na agenda brasileira", disse o secretário-executivo do fórum, Fabio Feldman. "O processo se inicia simbolicamente hoje."

O seminário levou cerca de 1.000 pessoas ao Memorial da América Latina num sábado frio. Apesar do quórum, o evento abrigou mais exposições que debates. Assuntos polêmicos, como a inclusão das florestas em pé no chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (que permite aos países ricos comprar créditos por emissões evitadas nos países pobres), foram tratados sem espaço para discussão.

Ratificação

Durante o evento, o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, foi aplaudido ao defender que o Brasil ratifique o Protocolo de Kyoto ainda este ano, como forma de estimular a implantação do acordo.

Para entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado (aprovado como lei pelo Parlamento) até 2002 por pelo menos 55 países, que incluam 55% das emissões das nações industrializadas.

O chefe da delegação brasileira nas negociações do acordo, o ministro Ronaldo Sardenberg (Ciência e Tecnologia), disse que o país pretende ratificar em 2002. Mas que "tem de ser um processo efetivo. Estamos trabalhando para criar um movimento internacional pela ratificação que traga os países em desenvolvimento, como Índia e China, e a União Européia", afirmou o ministro. "Uma andorinha só não faz verão."
 

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