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04/07/2001
-
23h26
free-lance para a Folha
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu novas evidências para sustentar a idéia de que a galáxia de Andrômeda não é grande por acaso. Ela teria conquistado seu porte ao longo dos últimos bilhões de anos engolindo as vizinhas menores. E pior: o banquete ainda não terminou.
Estudando a borda da galáxia - o chamado halo galáctico - , os pesquisadores pegaram a M31, literalmente, com a boca na botija. Eles observaram um gigantesco feixe de estrelas nessa região árida da borda galáctica, cuja origem provavelmente se encontra nas galáxias anãs M32 ou NGC205.
"O estudo indica que as galáxias continuam a assimilar companheiras menores até os dias de hoje", afirma Rodrigo Ibata, do Observatório de Estrasburgo, na França. Ele faz parte do grupo que flagrou Andrômeda em pleno almoço, em observações feitas de 3 a 9 de setembro de 2000. A pesquisa sai na edição de amanhã da revista "Nature" (www.nature.com).
Andrômeda é uma galáxia espiral, assim como a Via Láctea, onde está localizado o Sistema Solar. Acredita-se que aglomerados desse tipo tenham se formado a partir de elementos menores. "Essa nova informação fornece evidência corroborativa para as teorias de formação hierárquica de estruturas, que prevêem que as estruturas no Universo se formaram a partir da coalescência [junção] de estruturas menores", diz Ibata, que apesar de ser britânico, tem raízes muito mais próximas do Brasil do que se possa imaginar.
"Meu pai é boliviano e cresci na Bolívia. Quando criança, vivi na fronteira entre Brasil e Bolívia, no Pantanal. Tenho família em São Paulo. É um mundo pequeno!"
Ele revela que o rastro de estrelas ajudará os cientistas a determinar a quantidade e a distribuição de matéria escura ao redor de Andrômeda. Essa misteriosa substância, embora seja responsável pela imensa maioria de toda a massa existente no Universo, é totalmente indetectável. Só é possível aferir sua presença a partir do efeito gravitacional que ela gera sobre a matéria visível.
Encontrar um rastro de estrelas na borda de uma galáxia é uma boa oportunidade para observar mais detalhadamente esse efeito, já que a maior parte da matéria escura existente nas galáxias fica em sua região mais exterior.
"Em outubro nós usaremos o Telescópio William Hershel, na ilha de La Palma, para medir as velocidades das estrelas no rastro, de forma a calcular a distribuição de matéria escura em volta de Andrômeda", diz. O estudo também permitirá que os astrônomos observem a borda noroeste de Andrômeda (o estudo atual analisou apenas a região sudeste do halo galáctico) em busca da continuação do rastro estelar.
Por ora, os estudos que ajudam a corroborar a teoria vigente de formação de galáxias a partir da observação de rastros de estrelas - as "migalhas" do banquete galáctico - estarão limitados à vizinhança da Via Láctea. "Apenas galáxias próximas (a menos de 10 milhões de anos-luz de distância) podem ser investigadas com a tecnologia atual", afirma Ibata.
Andrômeda é flagrada engolindo outra galáxia
SALVADOR NOGUEIRAfree-lance para a Folha
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu novas evidências para sustentar a idéia de que a galáxia de Andrômeda não é grande por acaso. Ela teria conquistado seu porte ao longo dos últimos bilhões de anos engolindo as vizinhas menores. E pior: o banquete ainda não terminou.
Estudando a borda da galáxia - o chamado halo galáctico - , os pesquisadores pegaram a M31, literalmente, com a boca na botija. Eles observaram um gigantesco feixe de estrelas nessa região árida da borda galáctica, cuja origem provavelmente se encontra nas galáxias anãs M32 ou NGC205.
"O estudo indica que as galáxias continuam a assimilar companheiras menores até os dias de hoje", afirma Rodrigo Ibata, do Observatório de Estrasburgo, na França. Ele faz parte do grupo que flagrou Andrômeda em pleno almoço, em observações feitas de 3 a 9 de setembro de 2000. A pesquisa sai na edição de amanhã da revista "Nature" (www.nature.com).
Andrômeda é uma galáxia espiral, assim como a Via Láctea, onde está localizado o Sistema Solar. Acredita-se que aglomerados desse tipo tenham se formado a partir de elementos menores. "Essa nova informação fornece evidência corroborativa para as teorias de formação hierárquica de estruturas, que prevêem que as estruturas no Universo se formaram a partir da coalescência [junção] de estruturas menores", diz Ibata, que apesar de ser britânico, tem raízes muito mais próximas do Brasil do que se possa imaginar.
"Meu pai é boliviano e cresci na Bolívia. Quando criança, vivi na fronteira entre Brasil e Bolívia, no Pantanal. Tenho família em São Paulo. É um mundo pequeno!"
Ele revela que o rastro de estrelas ajudará os cientistas a determinar a quantidade e a distribuição de matéria escura ao redor de Andrômeda. Essa misteriosa substância, embora seja responsável pela imensa maioria de toda a massa existente no Universo, é totalmente indetectável. Só é possível aferir sua presença a partir do efeito gravitacional que ela gera sobre a matéria visível.
Encontrar um rastro de estrelas na borda de uma galáxia é uma boa oportunidade para observar mais detalhadamente esse efeito, já que a maior parte da matéria escura existente nas galáxias fica em sua região mais exterior.
"Em outubro nós usaremos o Telescópio William Hershel, na ilha de La Palma, para medir as velocidades das estrelas no rastro, de forma a calcular a distribuição de matéria escura em volta de Andrômeda", diz. O estudo também permitirá que os astrônomos observem a borda noroeste de Andrômeda (o estudo atual analisou apenas a região sudeste do halo galáctico) em busca da continuação do rastro estelar.
Por ora, os estudos que ajudam a corroborar a teoria vigente de formação de galáxias a partir da observação de rastros de estrelas - as "migalhas" do banquete galáctico - estarão limitados à vizinhança da Via Láctea. "Apenas galáxias próximas (a menos de 10 milhões de anos-luz de distância) podem ser investigadas com a tecnologia atual", afirma Ibata.
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