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05/07/2001
-
22h01
da Folha de S.Paulo
Produzir um clone como a bezerra brasileira Vitória ainda é trabalho duro. Além de o número de embriões que chegam a se desenvolver ser pequeno, muitos deles, após nascer, morrem de problemas respiratórios ou circulatórios. Agora, cientistas dos EUA afirmam ter descoberto uma das principais causas do problema. O fenômeno está relacionado ao modo como certos genes são expressos (ativados) nas células que dão origem aos animais.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores do Instituto Whitehead, em Massachusetts, e da Universidade do Havaí, em Honolulu, clonaram camundongos a partir de células-tronco embrionárias - capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido - e investigaram a atividade dos chamados genes marcados ("imprinted").
Esses genes são ativados de forma diferenciada, dependendo de onde vêm - se do pai ou da mãe. Um tipo de etiqueta (metilação) que marca a sequência de bases (letras) que compõe o gene, sem alterá-la, faz o controle para determinar se ele foi ativado ou não.
"Observamos se as etiquetas presentes originalmente nos genes das células-tronco [usadas na produção dos clones] permaneciam nos genes dos animais que delas se originavam", explica Kevin Eggan, aluno de doutorado no Instituto Whitehead e um dos principais autores do estudo, que sai publicado na edição de amanhã da revista científica "Science" (www.sciencemag.org).
Ao observar como é a regulação dos genes marcados, os cientistas puderam avaliar se a falta de sucesso da clonagem poderia ser consequência de procedimentos técnicos (manipulação das células, por exemplo) ou de problemas já originalmente presentes nos genes das células-tronco.
Contra clonagem humana
Eggan e seus colegas descobriram que a ineficiência da clonagem - poucos nascimentos e sobreviventes com problemas físicos - reside, em grande parte, na instabilidade genética das células-tronco quando colocadas em meio de cultura, uma espécie de caldo nutritivo, onde são mantidas no laboratório.
Nesse caldo, à medida que as células-tronco se dividem, elas perdem as etiquetas que indicam quais dos genes marcados deveriam ser ativados ou desligados.
Segundo Eggan, os genes marcados são cruciais para o desenvolvimento fetal. Por isso, o nascimento de clones anormais. Eles também influenciam clones adultos. "Mesmo alguns clones que pareciam saudáveis e chegaram à idade adulta apresentaram defeitos na ativação de genes", diz.
Apesar de esses defeitos não terem sido determinantes para impedir o desenvolvimento dos animais, Eggan diz que eles podem causar problemas fisiológicos difíceis de ser detectados.
Os cientistas não sabem como seria a regulação dos genes marcados em células-tronco humanas. Mas acreditam que os resultados em camundongos são mais um indicativo para que se condene a prática da clonagem humana com fins reprodutivos.
No caso da clonagem terapêutica - aquela que tem como objetivo a utilização de células-tronco para produção de tecidos ou substituição de células defeituosas - , os pesquisadores dizem não haver problema.
"Quando usadas em transplante, as células-tronco funcionam bem. O problema é querer produzir um animal completo a partir delas", afirma Eggan.
Leia também: Quarentena impede festa dos 5 anos da ovelha Dolly
Estudo explica por que clones morrem com facilidade
ISABEL GERHARDTda Folha de S.Paulo
Produzir um clone como a bezerra brasileira Vitória ainda é trabalho duro. Além de o número de embriões que chegam a se desenvolver ser pequeno, muitos deles, após nascer, morrem de problemas respiratórios ou circulatórios. Agora, cientistas dos EUA afirmam ter descoberto uma das principais causas do problema. O fenômeno está relacionado ao modo como certos genes são expressos (ativados) nas células que dão origem aos animais.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores do Instituto Whitehead, em Massachusetts, e da Universidade do Havaí, em Honolulu, clonaram camundongos a partir de células-tronco embrionárias - capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido - e investigaram a atividade dos chamados genes marcados ("imprinted").
Esses genes são ativados de forma diferenciada, dependendo de onde vêm - se do pai ou da mãe. Um tipo de etiqueta (metilação) que marca a sequência de bases (letras) que compõe o gene, sem alterá-la, faz o controle para determinar se ele foi ativado ou não.
"Observamos se as etiquetas presentes originalmente nos genes das células-tronco [usadas na produção dos clones] permaneciam nos genes dos animais que delas se originavam", explica Kevin Eggan, aluno de doutorado no Instituto Whitehead e um dos principais autores do estudo, que sai publicado na edição de amanhã da revista científica "Science" (www.sciencemag.org).
Ao observar como é a regulação dos genes marcados, os cientistas puderam avaliar se a falta de sucesso da clonagem poderia ser consequência de procedimentos técnicos (manipulação das células, por exemplo) ou de problemas já originalmente presentes nos genes das células-tronco.
Contra clonagem humana
Eggan e seus colegas descobriram que a ineficiência da clonagem - poucos nascimentos e sobreviventes com problemas físicos - reside, em grande parte, na instabilidade genética das células-tronco quando colocadas em meio de cultura, uma espécie de caldo nutritivo, onde são mantidas no laboratório.
Nesse caldo, à medida que as células-tronco se dividem, elas perdem as etiquetas que indicam quais dos genes marcados deveriam ser ativados ou desligados.
Segundo Eggan, os genes marcados são cruciais para o desenvolvimento fetal. Por isso, o nascimento de clones anormais. Eles também influenciam clones adultos. "Mesmo alguns clones que pareciam saudáveis e chegaram à idade adulta apresentaram defeitos na ativação de genes", diz.
Apesar de esses defeitos não terem sido determinantes para impedir o desenvolvimento dos animais, Eggan diz que eles podem causar problemas fisiológicos difíceis de ser detectados.
Os cientistas não sabem como seria a regulação dos genes marcados em células-tronco humanas. Mas acreditam que os resultados em camundongos são mais um indicativo para que se condene a prática da clonagem humana com fins reprodutivos.
No caso da clonagem terapêutica - aquela que tem como objetivo a utilização de células-tronco para produção de tecidos ou substituição de células defeituosas - , os pesquisadores dizem não haver problema.
"Quando usadas em transplante, as células-tronco funcionam bem. O problema é querer produzir um animal completo a partir delas", afirma Eggan.
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