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11/07/2001 - 00h13

Geração de energia com biomassa é viável no país, diz cientista

da Folha Online

O clima tropical, a grande extensão territorial e a vantagem de uma árvore crescer cinco vezes mais rápido do que em países com clima temperado ou frio fazem do Brasil um local adequado para se usar a biomassa na produção de energia elétrica.

A opinião é da pesquisadora Suani Coelho, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (Universidade de São Paulo), coordenadora do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa).

Em entrevista à Agência USP, Suani afirmou que a energia gerada através da biomassa já é utilizada com sucesso nos setores sucroalcooleiro e de papel e celulose, com tecnologias amplamente comercializadas no país. Para Suani, não existem barreiras tecnológicas. "As barreiras são de financiamento e de políticas adequadas para desenvolver o setor" diz.

A pesquisadora diz que o País também apresenta a vantagem de desenvolver, há mais de 20 anos, o Proálcool (Programa do Álcool), com uma produção anual de 90 milhões de toneladas de bagaço de cana (safra de 2000).

Caso fosse utilizada de forma eficiente, essa produção forneceria um excedente de 4.000 MW no sistema energético brasileiro.

No setor de papel e celulose (com cascas de árvore, cavacos e licor negro), o excedente gerado seria de 1.000 MW. "Como não existe a obrigatoriedade de compra do excedente produzido pelo co-gerador, as concessionárias acabam não tendo interesse nessa compra, ou quando compram, oferecem preços não tão competitivos, fazendo com que não seja compensador ao co-gerador investir para gerar esse excedente".

Outro aspecto apontado por Suani é em relação ao custo. Ela cita como exemplo a Usina Angra 3, que produziria 3.000 MW a um custo variável de R$ 70 a R$ 75 por MWh. "No setor sucroalcooleiro, o custo seria de R$ 80, viabilizando a mesma quantidade de energia de uma fonte ambientalmente correta, trazendo inúmeras vantagens estratégicas para o País".

De acordo com Suani, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acabou de lançar um programa para a implementação de co-geração no setor de biomassa, onde o empreendedor poderá usar como garantia o contrato de longo prazo com a concessionária. "Estamos propondo que os juros do BNDES sejam menores para que tecnologias mais eficientes possam ser implementadas, viabilizando todo o potencial de biomassa encontrado no Brasil".

Suani explica que existem usos alternativos da biomassa, como no caso da gaseificação em pequena escala, tecnologia já utilizada na Índia, que poderia ser implantada em comunidades isoladas, na Amazônia.

Nesse caso, o gás produzido através da biomassa pode ser usado nos geradores de energia da região, substituindo em até 80% o diesel utilizado nesses geradores.

Existe ainda o biodiesel, fabricado a partir de óleos derivados de plantas oleaginosas como palma, buriti e soja, e que também poderia ser usado nos geradores de energia de comunidades isoladas.

Outra opção seria adicionar biodiesel em até 3% no diesel utilizado no setor de transportes brasileiro, medida que, segundo Suani, melhoraria a condição ambiental nas cidades, diminuindo significativamente a emissão de poluentes.

A professora diz que no Brasil existem pesquisas para o aproveitamento do biogás gerado em aterros de lixo e no tratamento de efluentes de esgoto, tecnologia já comercializada em diversas partes do mundo.

Suani afirma que dentro da USP existe a possibilidade de desenvolver, no campus da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz), projetos de demonstração de geração de energia a partir do bagaço de cana. Há também uma proposta de avaliação das condições do lixo (tipo, quantidade) recolhido na Cidade Universitária para a produção de energia. O mesmo acontece com resíduos de efluentes. "Já existem no mercado internacional micro turbinas de pequeno porte (30 kW) para geração de energia a partir do biogás".

A biomassa emite gás carbônico quando é queimada mas, quando está crescendo no campo, absorve esse gás pela fotossíntese. Suani afirma que a biomassa não emite gases que aumentam o efeito estufa. "Enquanto nos países desenvolvidos existe a pesquisa para o amplo aproveitamento da biomassa disponível, nós no Brasil temos uma série de vantagens geográficas e climáticas para a utilização desse recurso alternativo na geração de energia elétrica".

As informações são da Agência USP.
 

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