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15/07/2001
-
14h13
da Folha de S.Paulo
Amanhã de manhã, quando o Brasil estiver despertando, os olhos do planeta estarão voltados para a pequena cidade de Bonn, capital da ex-Alemanha Ocidental. Durante as próximas duas semanas, representantes de mais de 180 países se reúnem ali com um objetivo nada modesto: tentar salvar o planeta do efeito estufa.
Mas, para isso, terão primeiro de salvar o Protocolo de Kyoto, acordo internacional adotado em 1997 para reduzir as emissões de gases-estufa (especialmente o dióxido de carbono) dos países desenvolvidos. A reunião de Bonn, oficialmente chamada Sexta Conferência das Partes -ou COP-6 para os íntimos-, tem como objetivo fazer os países chegarem a um acordo sobre a implementação do protocolo.
No centro das discussões estará um discreto maltês de 60 anos e fala mansa: Michael Zammit Cutajar, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, ou Convenção do Clima.
O diplomata, que começou sua carreira militando em ONGs ambientalistas, é a autoridade máxima da ONU em assuntos climáticos desde 1991. Sua tarefa como anfitrião da conferência de Bonn faz inveja a qualquer faquir: coordenar horas de negociações técnicas, mediar conflitos e sorrir diante de impasses.
Em resumo, ele é o otimista de plantão sobre o assunto mudanças climáticas. Mas admite que está difícil manter a pose.
Isso porque a COP de Bonn já começa condenada ao fracasso: os EUA, país responsável por quase 25% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), não querem nem ouvir falar em Kyoto. O presidente George W. Bush caiu fora do acordo em março. O argumento: sua meta, reduzir as emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990 até 2012, é prejudicial à economia americana, baseada em carvão e petróleo -principais fontes de CO2.
Para entrar em vigor em 2002, como prevê o pacto inicial, o protocolo precisa ser ratificado, quer dizer, aprovado como lei, por pelo menos 55 países. E mais: que representem 55% das emissões das nações mais ricas. Até agora, só 34 ratificaram. E nenhum deles faz parte do Primeiro Mundo.
Com os EUA de fora, a União Européia, maior interessada no protocolo, precisa converter o Japão e a Rússia, dois outros gigantes carbônicos, à causa de Kyoto. Mas os japoneses dizem que não darão um passo sem os EUA.
O próprio encontro é uma continuação de uma COP realizada ano passado em Haia, Holanda, que fracassou justamente devido a divergências entre EUA e Europa. "Esta é uma crise única", diz Cutajar, cujo otimismo será posto à prova amanhã, até as últimas consequências.
Leia mais sobre efeito estufa
Convenção tem duas semanas para salvar o planeta do efeito estufa
CLAUDIO ANGELOda Folha de S.Paulo
Amanhã de manhã, quando o Brasil estiver despertando, os olhos do planeta estarão voltados para a pequena cidade de Bonn, capital da ex-Alemanha Ocidental. Durante as próximas duas semanas, representantes de mais de 180 países se reúnem ali com um objetivo nada modesto: tentar salvar o planeta do efeito estufa.
Mas, para isso, terão primeiro de salvar o Protocolo de Kyoto, acordo internacional adotado em 1997 para reduzir as emissões de gases-estufa (especialmente o dióxido de carbono) dos países desenvolvidos. A reunião de Bonn, oficialmente chamada Sexta Conferência das Partes -ou COP-6 para os íntimos-, tem como objetivo fazer os países chegarem a um acordo sobre a implementação do protocolo.
No centro das discussões estará um discreto maltês de 60 anos e fala mansa: Michael Zammit Cutajar, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, ou Convenção do Clima.
O diplomata, que começou sua carreira militando em ONGs ambientalistas, é a autoridade máxima da ONU em assuntos climáticos desde 1991. Sua tarefa como anfitrião da conferência de Bonn faz inveja a qualquer faquir: coordenar horas de negociações técnicas, mediar conflitos e sorrir diante de impasses.
Em resumo, ele é o otimista de plantão sobre o assunto mudanças climáticas. Mas admite que está difícil manter a pose.
Isso porque a COP de Bonn já começa condenada ao fracasso: os EUA, país responsável por quase 25% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), não querem nem ouvir falar em Kyoto. O presidente George W. Bush caiu fora do acordo em março. O argumento: sua meta, reduzir as emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990 até 2012, é prejudicial à economia americana, baseada em carvão e petróleo -principais fontes de CO2.
Para entrar em vigor em 2002, como prevê o pacto inicial, o protocolo precisa ser ratificado, quer dizer, aprovado como lei, por pelo menos 55 países. E mais: que representem 55% das emissões das nações mais ricas. Até agora, só 34 ratificaram. E nenhum deles faz parte do Primeiro Mundo.
Com os EUA de fora, a União Européia, maior interessada no protocolo, precisa converter o Japão e a Rússia, dois outros gigantes carbônicos, à causa de Kyoto. Mas os japoneses dizem que não darão um passo sem os EUA.
O próprio encontro é uma continuação de uma COP realizada ano passado em Haia, Holanda, que fracassou justamente devido a divergências entre EUA e Europa. "Esta é uma crise única", diz Cutajar, cujo otimismo será posto à prova amanhã, até as últimas consequências.
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