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31/07/2001
-
10h50
da Agência Folha
Um combustível renovável, ecologicamente correto, que possa ser produzido a partir de mamona plantada nas regiões de seca do Nordeste, ajudando o sertanejo a ter uma fonte de renda.
Essa é a base do projeto da transformação do óleo de mamona (planta que resiste bem à estiagem) em óleo diesel, que pode ser usado em qualquer motor, como os de tratores ou os de caminhões, sem nenhuma adaptação.
Pesquisadores das universidades federais do Ceará, Piauí, Rio de Janeiro e a Nutec (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial), vinculada ao governo do Ceará, estão envolvidos na implantação e na difusão do programa.
E a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) defenderá hoje, durante coletiva à imprensa em São Paulo, a criação de um plano nacional para a produção de biodiesel a partir de óleos vegetais.
O biodiesel pode ser produzido a partir de todo óleo vegetal e até animal, como óleo de peixe. No caso do combustível feito a partir do óleo de mamona, que tem uma viscosidade maior, ele precisa ser misturado na proporção de 20% de biodiesel para 80% de diesel comum para ser usado. Na sua combustão, não há emissão das substâncias mais poluentes (que contêm enxofre), encontradas nos combustíveis fósseis.
Segundo o criador do biodiesel, o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará Expedito Parente, o projeto pode avançar para outras regiões do país além do Nordeste.
"O biodiesel pode inclusive ser usado em geradores de energia, neste momento de escassez, ajudando a reduzir a importação de petróleo", afirma.
Um módulo-piloto do programa já está funcionando na Embrapa Meio-Norte, em Teresina, no Piauí. Ele é conduzido pelo pesquisador Francisco de Brito Melo.
Além da mamona, o feijão caupi, variedade mais resistente à seca, está sendo plantado intercalado com a mamona para aproveitar o espaço e ser uma alternativa de renda e de alimento no sertão.
As experiências efetuadas no módulo da Embrapa, cuja área é de 1 ha, já mostraram que a mamona precisa de 300 milímetros a 400 milímetros de chuva no seu ciclo, que é de cinco meses.
""No semi-árido, chove em média de 600 milímetros a 700 milímetros em cinco meses. Em época de seca, como agora, a média é de 400 milímetros em cinco meses", afirma Melo.
Depois de extraído o óleo, a sobra (chamada de torta ou farelo) ainda pode ser usada como ração animal. No caso da mamona, é preciso desintoxicar o farelo antes de transformá-lo em ração. É possível também transformar a madeira do caule em adubo. A mamona produz de 15 toneladas a 20 toneladas de madeira por hectare, segundo Melo.
O Nutec está desenvolvendo ainda uma usina-piloto para a produção do biodiesel, coordenada pelo professor Expedito Parente. A intenção é produzir de 2.000 litros a 3.000 litros por dia de combustível dentro de 90 dias, mas ainda são necessários R$ 500 mil para concluir a instalação.
O governo federal já recebeu uma proposta para o financiamento de cem cooperativas de agricultores no Piauí que plantariam a mamona. De acordo com o projeto, 100 mil agricultores poderiam ser beneficiados.
"O projeto, além de ser uma alternativa ímpar para a escassez de petróleo, é uma possibilidade concreta de convivência com a seca", diz José Maia Filho, presidente da APPM (Associação Piauiense das Prefeituras Municipais).
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Colaborou Fábio Eduardo Murakawa, da Folha de S.Paulo
Leia também:
Entidade quer estímulo para biodiesel
Professor da Federal do CE criou biodiesel
Combustível feito de mamona pode ser usado para gerar energia
ALESSANDRA KORMANNda Agência Folha
Um combustível renovável, ecologicamente correto, que possa ser produzido a partir de mamona plantada nas regiões de seca do Nordeste, ajudando o sertanejo a ter uma fonte de renda.
Essa é a base do projeto da transformação do óleo de mamona (planta que resiste bem à estiagem) em óleo diesel, que pode ser usado em qualquer motor, como os de tratores ou os de caminhões, sem nenhuma adaptação.
Pesquisadores das universidades federais do Ceará, Piauí, Rio de Janeiro e a Nutec (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial), vinculada ao governo do Ceará, estão envolvidos na implantação e na difusão do programa.
E a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) defenderá hoje, durante coletiva à imprensa em São Paulo, a criação de um plano nacional para a produção de biodiesel a partir de óleos vegetais.
O biodiesel pode ser produzido a partir de todo óleo vegetal e até animal, como óleo de peixe. No caso do combustível feito a partir do óleo de mamona, que tem uma viscosidade maior, ele precisa ser misturado na proporção de 20% de biodiesel para 80% de diesel comum para ser usado. Na sua combustão, não há emissão das substâncias mais poluentes (que contêm enxofre), encontradas nos combustíveis fósseis.
Segundo o criador do biodiesel, o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará Expedito Parente, o projeto pode avançar para outras regiões do país além do Nordeste.
"O biodiesel pode inclusive ser usado em geradores de energia, neste momento de escassez, ajudando a reduzir a importação de petróleo", afirma.
Um módulo-piloto do programa já está funcionando na Embrapa Meio-Norte, em Teresina, no Piauí. Ele é conduzido pelo pesquisador Francisco de Brito Melo.
Além da mamona, o feijão caupi, variedade mais resistente à seca, está sendo plantado intercalado com a mamona para aproveitar o espaço e ser uma alternativa de renda e de alimento no sertão.
As experiências efetuadas no módulo da Embrapa, cuja área é de 1 ha, já mostraram que a mamona precisa de 300 milímetros a 400 milímetros de chuva no seu ciclo, que é de cinco meses.
""No semi-árido, chove em média de 600 milímetros a 700 milímetros em cinco meses. Em época de seca, como agora, a média é de 400 milímetros em cinco meses", afirma Melo.
Depois de extraído o óleo, a sobra (chamada de torta ou farelo) ainda pode ser usada como ração animal. No caso da mamona, é preciso desintoxicar o farelo antes de transformá-lo em ração. É possível também transformar a madeira do caule em adubo. A mamona produz de 15 toneladas a 20 toneladas de madeira por hectare, segundo Melo.
O Nutec está desenvolvendo ainda uma usina-piloto para a produção do biodiesel, coordenada pelo professor Expedito Parente. A intenção é produzir de 2.000 litros a 3.000 litros por dia de combustível dentro de 90 dias, mas ainda são necessários R$ 500 mil para concluir a instalação.
O governo federal já recebeu uma proposta para o financiamento de cem cooperativas de agricultores no Piauí que plantariam a mamona. De acordo com o projeto, 100 mil agricultores poderiam ser beneficiados.
"O projeto, além de ser uma alternativa ímpar para a escassez de petróleo, é uma possibilidade concreta de convivência com a seca", diz José Maia Filho, presidente da APPM (Associação Piauiense das Prefeituras Municipais).
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Colaborou Fábio Eduardo Murakawa, da Folha de S.Paulo
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