Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/08/2001 - 13h26

Astrônomos conseguem observar coroa de uma anã vermelha

da France Presse, em Paris

Camada superior da atmosfera de uma estrela, a coroa não é normalmente visível da Terra, a não ser a do Sol, durante os eclipses totais. Entretanto, pela primeira vez, a coroa de outra estrela, uma anã vermelha, acaba de ser observada da Terra.

Esta observação, efetuada por Jurgen Schmitt e Reiner Wichmann, da Universidade de Hamburgo (Norte da Alemanha), publicada no último número da revista Nature, abre aos telescópios da Terra novas possibilidades de estudo, principalmente dos ciclos estelares, segundo informou o Observatório Europeu Austral (ESO), de Garching (arredores de Munique, sul da Alemanha).

O trabalho dos dois astrônomos acaba de conseguir um lugar em uma história que remonta há 130 anos.

Durante o eclipse total do Sol de 7 de agosto de 1869, dois norte-americanos, William Harkness e Charles Young, observaram durante alguns minutos no espectro da coroa solar uma forte emissão impossível de atribuir a um elemento químico conhecido.

A solução chegou 70 anos depois, quando Walter Grotrian (Alemanha) e Bengt Edlén (Suécia) mostraram que esta emissão era de ferro ionizado (exatamente de átomos de ferro despojados da metade de seus 26 elétrons).

Desde então, todos os raios de emissão da coroa solar serão, segundo eles, os dos íons. Quase sempre a solução de um enigma suscita um novo enigma.

Neste caso, tal estado de ionização dos átomos de ferro necessita de temperaturas de mais de um milhão de graus Celsius. A superfície visível do Sol, a fotosfera, só chega aos 5.500 graus Celsius. Como uma coroa de plasma (gás ionizado) infinitamente mais quente que a fofosfera pode existir fora dela?

A explicação pode ser encontrada em um mecanismo de transferência de energia entre as diferentes camadas superiores do Sol, onde o magnetismo desempenha um papel essencial. Entretanto, este mecanismo ainda não é totalmente compreendido.

Devido a sua temperatura, a coroa solar emite essencialmente raios X, que são detidos pela atmosfera terrestre.

Esta radiação só pode ser observada do espaço, o que se conseguiu pela primeira vez pouco depois da Segunda Guerra Mundial.

Para aumentar as possibilidades de descobrir uma emissão coronária a partir da Terra, Schmitt e Wichmann decidiram observar as anãs negras, "estrelas abortadas" de massa muito débil para que tenham podido desencadear em seu núcleo as reações termonucleares, o que as torna pouco luminosas.

Em uma estrela comum, a emissão da coroa não pode ser diferenciada da emissão de sua fotosfera, que é muito luminosa. Assim, tentaram observar estas anãs negras, de fotosfera muito pouco luminosa.

Sua escolha foi uma anã negra, a CN Leonis (na constelação de Leão) próxima da Terra (oito anos luz), com fortes emissões X.

Em seu espectro, obtido com um dos instrumentos do VLT (Very Large Telescope) da ESO, no Chile, os dois pesquisadores buscaram o raio de emissão do ferro doze vezes ionizado na coroa solar.

Este raio, no espectro obtido, se revelou inicialmente como de titânio ionizado, porém mais largo que o habitual.

O raio de titânio ionizado é identificável com precisão, com o que os dois astrofísicos puderam "subtraí-lo" do raio observado e obter um "resto": a emissão de ferro ionizado 12 vezes, consequentemente provenientes da coroa da anã negra.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página