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16/09/2001
-
10h57
especial para a Folha de S.Paulo
Na década de 20, H.M. Evans e K.S. Bishop descobriram, em experimentos com ratos, a existência de um fator nutritivo cuja deficiência acarretava esterilidade: as fêmeas engravidavam, porém sempre abortavam, enquanto os machos revelavam destruição, às vezes quase total, das células germinais.
Em 1942, B. Sure denominou de vitamina E esse fator necessário à reprodução.
Evans e Bishop isolaram do óleo de germe de trigo, em 1936, dois alcoóis com atividade de vitamina E e os chamaram de tocoferóis. Mais tarde, identificaram-se outros tocoferóis, mas o mais importante deles é o tocoferol-alfa. A síntese desses alcoóis foi obtida independentemente por P. Karrer, L.I. Smith e colaboradores em 1938. Além de seu papel na esterilidade de ratos, a vitamina E tem outras ações no organismo, sendo uma de suas características o poder de redução (antioxidante) de gorduras.
A vitamina E ocorre em muitos alimentos, especialmente nas verduras folhosas e em vários óleos de sementes vegetais. Ao contrário do que a princípio se imaginou, ela não exerce função alguma na fertilidade humana. Sua capacidade antioxidante protege contra o ranço dos produtos gordurosos e conserva-os intactos em sua estrutura. Acredita-se que a função antioxidante se processa no nível das membranas celulares e das mitocôndrias, organelas que constituem a central energética da célula. A vitamina também participa de várias ações enzimáticas próprias da respiração celular.
Estudos preliminares sugerem que a vitamina interfere na ação dos sais de ferro (agentes oxidantes), o que torna preciso aumentar sua dose para obter a mesma resposta hematológica em crianças com anemia devida à falta de ferro. As necessidades da vitamina aumentam com o aumento do suprimento de gorduras poliinsaturadas (as que não elevam o teor de colesterol), cuja oxidação ela inibe. Não se conhecem sinais claros de carência de vitamina E no homem.
A alegação, não comprovada cientificamente, de que a vitamina E favorece ou estimula o vigor sexual humano está fazendo dela um dos mais procurados suplementos alimentares nos EUA. Mas a negativa da ciência quanto a esse modismo foi de certa forma contrabalançada por dois artigos publicados no "The New England Journal of Medicine", que apresentam estatísticas favoráveis à ação da vitamina E, não na sexualidade, mas na prevenção do infarto do miocárdio.
As estatísticas abrangem cerca de 120 mil pessoas de várias idades. Os participantes não foram forçados a tomar a vitamina, mas foram escolhidos entre pessoas que normalmente a usavam em larga dose. Notaram os pesquisadores que os indivíduos que tomavam mais vitaminas em geral tendiam a exercitar-se mais e a ter melhores hábitos de saúde.
Os estudos feitos nas 120 mil pessoas indicaram que os consumidores de grandes doses da vitamina (dez vezes mais que a padrão) corriam risco 40% menor de doença cardíaca do que os que ingeriam doses menores. Cabe todavia lembrar que, como dado epidemiológico, essas estatísticas são sujeitas a muitas dúvidas. Haveria entretanto uma explicação para a alegada ação preventiva da ateromatose (formação de placas nas artérias): a capacidade da vitamina E de prevenir oxidação da fração do sangue que tem LDL, a lipoproteína de baixa densidade, ou "mau colesterol". Acredita-se que, quando oxidada, a LDL se junta com mais facilidade na parede dos vasos.
As estatísticas referidas e a explicação aventada dependem de confirmação, motivo pelo qual os leitores não devem passar a usar megadoses de vitaminas E na expectativa de diminuir sua probabilidade de ter infarto.
A vitamina E e o coração
JOSÉ REISespecial para a Folha de S.Paulo
Na década de 20, H.M. Evans e K.S. Bishop descobriram, em experimentos com ratos, a existência de um fator nutritivo cuja deficiência acarretava esterilidade: as fêmeas engravidavam, porém sempre abortavam, enquanto os machos revelavam destruição, às vezes quase total, das células germinais.
Em 1942, B. Sure denominou de vitamina E esse fator necessário à reprodução.
Evans e Bishop isolaram do óleo de germe de trigo, em 1936, dois alcoóis com atividade de vitamina E e os chamaram de tocoferóis. Mais tarde, identificaram-se outros tocoferóis, mas o mais importante deles é o tocoferol-alfa. A síntese desses alcoóis foi obtida independentemente por P. Karrer, L.I. Smith e colaboradores em 1938. Além de seu papel na esterilidade de ratos, a vitamina E tem outras ações no organismo, sendo uma de suas características o poder de redução (antioxidante) de gorduras.
A vitamina E ocorre em muitos alimentos, especialmente nas verduras folhosas e em vários óleos de sementes vegetais. Ao contrário do que a princípio se imaginou, ela não exerce função alguma na fertilidade humana. Sua capacidade antioxidante protege contra o ranço dos produtos gordurosos e conserva-os intactos em sua estrutura. Acredita-se que a função antioxidante se processa no nível das membranas celulares e das mitocôndrias, organelas que constituem a central energética da célula. A vitamina também participa de várias ações enzimáticas próprias da respiração celular.
Estudos preliminares sugerem que a vitamina interfere na ação dos sais de ferro (agentes oxidantes), o que torna preciso aumentar sua dose para obter a mesma resposta hematológica em crianças com anemia devida à falta de ferro. As necessidades da vitamina aumentam com o aumento do suprimento de gorduras poliinsaturadas (as que não elevam o teor de colesterol), cuja oxidação ela inibe. Não se conhecem sinais claros de carência de vitamina E no homem.
A alegação, não comprovada cientificamente, de que a vitamina E favorece ou estimula o vigor sexual humano está fazendo dela um dos mais procurados suplementos alimentares nos EUA. Mas a negativa da ciência quanto a esse modismo foi de certa forma contrabalançada por dois artigos publicados no "The New England Journal of Medicine", que apresentam estatísticas favoráveis à ação da vitamina E, não na sexualidade, mas na prevenção do infarto do miocárdio.
As estatísticas abrangem cerca de 120 mil pessoas de várias idades. Os participantes não foram forçados a tomar a vitamina, mas foram escolhidos entre pessoas que normalmente a usavam em larga dose. Notaram os pesquisadores que os indivíduos que tomavam mais vitaminas em geral tendiam a exercitar-se mais e a ter melhores hábitos de saúde.
Os estudos feitos nas 120 mil pessoas indicaram que os consumidores de grandes doses da vitamina (dez vezes mais que a padrão) corriam risco 40% menor de doença cardíaca do que os que ingeriam doses menores. Cabe todavia lembrar que, como dado epidemiológico, essas estatísticas são sujeitas a muitas dúvidas. Haveria entretanto uma explicação para a alegada ação preventiva da ateromatose (formação de placas nas artérias): a capacidade da vitamina E de prevenir oxidação da fração do sangue que tem LDL, a lipoproteína de baixa densidade, ou "mau colesterol". Acredita-se que, quando oxidada, a LDL se junta com mais facilidade na parede dos vasos.
As estatísticas referidas e a explicação aventada dependem de confirmação, motivo pelo qual os leitores não devem passar a usar megadoses de vitaminas E na expectativa de diminuir sua probabilidade de ter infarto.
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