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01/10/2001 - 08h19

Sistema de computador detecta problema de postura em idosos

REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

Um programa de computador desenvolvido na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (Eefe-USP) é capaz de detectar e auxiliar na correção de desvios de postura e de equilíbrio corporal. A técnica pode ajudar idosos a evitar quedas e fraturas, um temor frequente nessa parcela da população e uma das maiores ameaças a sua qualidade de vida.

Os pesquisadores trabalham com uma placa de força, que não passa de uma espécie de balança. A diferença é que ela mede não apenas a massa da pessoa, mas também as forças que ela exerce no solo quando está de pé.

A placa funciona associada com um programa de computador criado pelos pesquisadores da USP. O conjunto é capaz de medir oscilações minúsculas do corpo, mesmo quando ele se encontra em repouso. Também avalia se algum dos dois pontos de apoio mais utilizados na posição ereta -o tornozelo ou o quadril- está sendo exigido além da conta pela postura adotada.

Pequenas correções

Na tela do computador, o problema pode ser percebido graficamente: dois pares de linhas horizontais aparecem, um marcando a posição atual e outro, a posição desejável. Mudando de posição ao mesmo tempo em que olha para a tela, o paciente pode ir fazendo pequenas correções, até alcançar a postura adequada.

Marcos Duarte, do Laboratório de Biofísica da Eefe-USP e responsável pelo projeto, explica que um dos mecanismos básicos do controle de equilíbrio e postura envolve as articulações do tornozelo e do quadril. "Basicamente, os dois interagem para lidar com as forças verticais, no caso do tornozelo, e horizontais, no caso do quadril", afirma o pesquisador.

O grande problema é que, num processo que ainda não é bem conhecido, os idosos sofrem uma perda da capacidade de equilíbrio que enfraquece muito o poder de reação do tornozelo.

"A tendência é usar primeiro o tornozelo, em tropeções ou escorregões, mas o quadril também é usado para manter o equilíbrio do corpo. Porém, sem o apoio do tornozelo, a pessoa fica sem tempo hábil para reagir e cai", diz Mônica Perracini, colaboradora de Duarte e fisioterapeuta da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, a antiga Escola Paulista de Medicina).

Desgaste neuronal

Uma das chaves para entender o processo pode estar no sistema nervoso, diz Duarte. "Os neurônios motores [células nervosas que atuam no movimento" sofrem um envelhecimento celular. O resultado é que, quanto mais distante do cérebro está a região do corpo, menos acurado é o controle que o idoso tem sobre ela."

Duarte conta que ainda não há consenso sobre as causas desse desgaste em pessoas com mais de 60 anos. "Há quem ache que isso é um resultado natural do envelhecimento celular, em todo o organismo, e quem afirme que outras doenças interferem para causar esses problemas de equilíbrio."

De qualquer modo, se uma das causas é neurológica, seria de esperar que atitudes dos pacientes pouco adiantassem para enfrentar o problema. Não é o que pensa Perracini. "O controle de equilíbrio depende tanto de fatores voluntários quanto de involuntários. O paciente precisa aprender a se deslocar no espaço", explica.

Duarte é cauteloso sobre a aplicação do aparelho -os testes até agora foram feitos apenas com adultos. O próximo passo é testá-lo em idosos com problemas de postura e criar, com base nos dados, um protocolo de treinamento. Mesmo assim, o pesquisador não acha impossível que o aparelho vá parar nos consultórios de geriatras e fisioterapeutas.

"É um instrumental inovador, que pode ser produzido no Brasil por cerca de R$ 10 mil", diz Duarte. Ele afirma que sua intenção é, no futuro, obter a patente da tecnologia e transferi-la para uma empresa nacional.
 

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