Publicidade
Publicidade
01/10/2001
-
16h45
da Folha Vale
O esgotamento dos recursos naturais obrigou comunidades de pescadores e agricultores do litoral norte a substituir o extrativismo pela produção de espécies em risco, como mariscos e palmito, além de mudar o manejo dos recursos florestais.
Com a pesca predatória desde a colonização, por volta do século 16, pelo menos 16 espécies marinhas já não são encontradas com facilidade pelos pescadores, segundo a USP (Universidade de São Paulo), o Instituto de Pesca e os caiçaras. Extrativismo é utilizar-se de recursos naturais, como fauna e flora, sem preocupação com a renovação.
Em Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela existem pelo menos 67 fazendas de cultivo de mariscos de propriedade de pescadores. Árvores caídas da mata atlântica, antes vistas com desdém, transformam-se em canoas nas mãos dos caiçaras.
Com a orientação e apoio logístico do Instituto de Pesca, do Instituto Florestal e prefeituras, famílias e comunidades se organizam para buscar formas de aproveitar melhor sua produção.
"Há uns dez anos a gente viajava 30 minutos e pegava toneladas de peixe. Hoje, tem que navegar quatro ou cinco horas", diz Tirso da Rocha Neves, 50, vice-presidente da Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha, em Caraguá.
Segundo o Instituto de Pesca, o objetivo de projetos como o de cultivo de mexilhão em fazendas é fixar o pescador em seu local de origem, porque os estoques de peixe diminuem gradativamente em todo o mundo.
Segundo o Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo), a produção de pescado cai 20% ao ano. São Paulo é o segundo Estado em comercialização de pescado. O segredo é reduzir as perdas.
Para valorizar a mercadoria, 60 mulheres de pescadores de São Sebastião têm uma cooperativa de beneficiamento de peixes.
Em Ubatuba, o Projeto Tamar, com apoio oficial e do grupo Pão de Açúcar, coordena o projeto de fabricação da unidade de beneficiamento de pescado, o "fishburguer", no Camburi, um antigo refúgio de hippies nos anos 70.
A unidade vai aproveitar peixes de pouco valor no mercado que vão para o lixo, como o galinho, a sardinha mole, a imbetara e outros, bolinhos e hambúrgueres.
Para acabar com o extrativismo vegetal, cinco famílias do sertão de Ubatumirim, em Ubatuba, mantêm a produção agroecológica. Juntam ao cultivo da banana e da mandioca o plantio de espécies da mata atlântica, como palmito juçara, araribá, cedro e jatobá.
"O objetivo é evitar a degradação da área, gerar renda e empregos para essa população", disse o agrônomo da Secretaria da Agricultura de Ubatuba, Antonio Carlos Pries Devide, 31.
Uma dessas propriedades em Ubatumirim pode ser a primeira do litoral norte a ter um plano de manejo sustentável de palmito juçara, que consiste em planejar a extração da palmeira naquela determinada área. A palmeira de palmito juçara, principal espécie da mata atlântica, é responsável pela cadeia alimentar de diversas espécies de animais.
Leia mais
Pesquisador condena ocupação desordenada no litoral
Em SP, extrativismo dá lugar à renovação de espécies em risco
CAROLINA FARIASda Folha Vale
O esgotamento dos recursos naturais obrigou comunidades de pescadores e agricultores do litoral norte a substituir o extrativismo pela produção de espécies em risco, como mariscos e palmito, além de mudar o manejo dos recursos florestais.
Com a pesca predatória desde a colonização, por volta do século 16, pelo menos 16 espécies marinhas já não são encontradas com facilidade pelos pescadores, segundo a USP (Universidade de São Paulo), o Instituto de Pesca e os caiçaras. Extrativismo é utilizar-se de recursos naturais, como fauna e flora, sem preocupação com a renovação.
Em Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela existem pelo menos 67 fazendas de cultivo de mariscos de propriedade de pescadores. Árvores caídas da mata atlântica, antes vistas com desdém, transformam-se em canoas nas mãos dos caiçaras.
Com a orientação e apoio logístico do Instituto de Pesca, do Instituto Florestal e prefeituras, famílias e comunidades se organizam para buscar formas de aproveitar melhor sua produção.
"Há uns dez anos a gente viajava 30 minutos e pegava toneladas de peixe. Hoje, tem que navegar quatro ou cinco horas", diz Tirso da Rocha Neves, 50, vice-presidente da Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha, em Caraguá.
Segundo o Instituto de Pesca, o objetivo de projetos como o de cultivo de mexilhão em fazendas é fixar o pescador em seu local de origem, porque os estoques de peixe diminuem gradativamente em todo o mundo.
Segundo o Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo), a produção de pescado cai 20% ao ano. São Paulo é o segundo Estado em comercialização de pescado. O segredo é reduzir as perdas.
Para valorizar a mercadoria, 60 mulheres de pescadores de São Sebastião têm uma cooperativa de beneficiamento de peixes.
Em Ubatuba, o Projeto Tamar, com apoio oficial e do grupo Pão de Açúcar, coordena o projeto de fabricação da unidade de beneficiamento de pescado, o "fishburguer", no Camburi, um antigo refúgio de hippies nos anos 70.
A unidade vai aproveitar peixes de pouco valor no mercado que vão para o lixo, como o galinho, a sardinha mole, a imbetara e outros, bolinhos e hambúrgueres.
Para acabar com o extrativismo vegetal, cinco famílias do sertão de Ubatumirim, em Ubatuba, mantêm a produção agroecológica. Juntam ao cultivo da banana e da mandioca o plantio de espécies da mata atlântica, como palmito juçara, araribá, cedro e jatobá.
"O objetivo é evitar a degradação da área, gerar renda e empregos para essa população", disse o agrônomo da Secretaria da Agricultura de Ubatuba, Antonio Carlos Pries Devide, 31.
Uma dessas propriedades em Ubatumirim pode ser a primeira do litoral norte a ter um plano de manejo sustentável de palmito juçara, que consiste em planejar a extração da palmeira naquela determinada área. A palmeira de palmito juçara, principal espécie da mata atlântica, é responsável pela cadeia alimentar de diversas espécies de animais.
Leia mais
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Gel contraceptivo masculino é aprovado em testes com macacos
- Sons irritantes de mastigação fazem parte do cérebro entrar em parafuso
- Continente perdido há milhões de anos é achado debaixo do Oceano Índico
- Por que é tão difícil definir o que é vida e o que são seres 'vivos'
- Conheça as histórias de mulheres de sucesso na Nasa
+ Comentadas
- Criatura em forma de saco e sem ânus poderia ser antepassado do homem
- Atritos entre governo estadual e Fapesp são antigos, dizem cientistas
+ EnviadasÍndice