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19/10/2001 - 08h26

Sexo ajuda a espalhar mutação benéfica

STEVE CONNOR
do "The Independent"

A angústia feminina para entender a finalidade dos homens pode ter sido resolvida por uma experiência que mostrou como os machos são vitais para a evolução.

Há muito tempo biólogos se deparam com o enigma da função dos machos na natureza e tentam descobrir por que o sexo é tão comum no reino animal, uma vez que parece desvantajoso para as fêmeas. Se as fêmeas recorressem à reprodução assexuada, produziriam duas vezes mais descendentes com genes idênticos aos seus.

Em uma visão matemática simples, o sexo não faz sentido, e a produção de machos _que normalmente contribuem pouco para criar a prole_ parece ter sido desperdício de recursos valiosos.

Um estudo com moscas-das-frutas (drosófilas) publicado hoje na revista americana "Science" (www.sciencemag.org) oferece uma explicação para o papel dos machos: jogar fora mutações maléficas da união genética e preservar características boas.

William Rice e Adam Chippindale, biólogos da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, descobriram que a difusão de "evoluções progressivas", em que os traços benéficos se acumulam, foi mais rápida em populações de moscas que se reproduziam sexuadamente, em comparação com outras "forçadas" a se reproduzir sem cruzamento.

Segundo Rice, porém, as desvantagens do sexo se aplicam tanto a machos quanto a fêmeas. "Meu filho só tem metade dos meus genes. A outra metade é da mãe dele. Apenas metade do meu genoma está sendo incorporada à população", diz.

"Mas, se fosse uma fêmea assexuada, minha prole herdaria todo o meu genoma. Eu poria duas vezes mais genes na próxima geração. Com reprodução assexuada, você consegue o dobro de descendentes e de genes na população."

A explicação clássica para o sexo é que ele mistura genes entre machos e fêmeas e cria diversidade genética. Existem poucas evidências, porém, que sustentem uma teoria tão generalizada.

Agora, Rice mostrou, em 34 experimentos distintos com moscas-das-frutas, o quanto o sexo pode resultar no aumento de mutações benéficas. Dividiu as moscas em dois grupos, um com genes misturados e outro sem.

Ele introduziu nas duas populações a mutação responsável por criar olhos vermelhos, tidos como melhores que os olhos brancos, e monitorou sua difusão por um período de 18 meses, que envolveu centenas de gerações.

Nos grupos em que a reprodução sexuada foi permitida, o gene dos olhos vermelhos chegou a um ponto em que quase se "fixou" permanentemente em 100%, substituindo completamente a alternativa para olhos brancos.

Os grupos assexuados, por outro lado, não conseguiram se livrar da "bagagem evolutiva" da mutação para olho branco.

"Nós sabíamos que havia vantagens na diversidade sexual, mas ainda não estava claro por quê", disse Rice. "Agora temos evidências de que a taxa de difusão de evoluções progressivas é mais rápida em populações sexuadas."
 

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