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05/11/2001 - 05h31

Recomeça caça a genes do comportamento

MARCELO LEITE
da Folha de S.Paulo

Pode ser coincidência, mas também pode ser sintoma. Com intervalo de apenas três dias, duas publicações científicas de renome internacional dão destaque a artigos relançando a questão da determinação genética do comportamento e da inteligência.

É uma disputa longa e intricada, como uma partida de xadrez, entre a influência da natureza inata ("nature") e a do ambiente ("nurture", compondo o famoso par rimado em inglês). O lance mais recente a pôr em xeque a noção anos 70 de que o meio pesa mais que os genes partiu do próprio James Dewey Watson, co-descobridor da estrutura do DNA.

Esquizofrenia
Watson, que recebeu um Nobel pela descoberta de 1953 (com Francis Crick e Maurice Wilkins), assina na última edição da revista norte-americana "Science" (www.sciencemag.org) o editorial intitulado "Uma Oportunidade Científica". Ele e três colaboradores defendem que se retome a busca de genes para explicar a ocorrência de doenças mentais como a esquizofrenia e a psicose maníaco-depressiva.

O segundo texto (leia reportagem à direita) alimenta esperança similar com relação à própria inteligência. Tem um título que vai direto ao ponto: "Influências Genéticas na Estrutura Cerebral".

Está sendo publicado hoje, eletrônica e antecipadamente, pela revista especializada "Nature Neuroscience" (www.nature.com/neuro). São 13 autores da Finlândia e da Califórnia, entre eles Paul Thompson e Arthur Toga, da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

Projeto Genoma Humano
O editorial na "Science" começa admitindo que "a descoberta de genes de suscetibilidade para psicose maníaco-depressiva e esquizofrenia é tida como um dos mais intratáveis problemas atuais da genética humana". Uma das razões seria o padrão por demais complexo da hereditariedade dessas doenças mentais.

Watson e seus colegas confiam, porém, no avanço da ciência -mais exatamente, no da genômica. Citam os muitos progressos na decifração do genoma humano, cujas informações em bancos de dados, disponíveis hoje pela internet, permitem abreviar para meses um trabalho prévio de mapeamento de genes que antes consumia muitos anos.

Citam um relatório governamental (EUA) de 1997, segundo o qual a busca era importante, mas prematura. "As recomendações de 1997 foram feitas em vista dos dados e da tecnologia então existentes", diz o editorial. "É tempo de reconsiderar."

"Os investigadores deveriam entrar nessa busca por genes de suscetibilidade para as principais doenças mentais, e as agências de fomento, dar nova consideração ao apoio programático para a descoberta de genes de suscetibilidade para doenças psiquiátricas."
 

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