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30/11/2001 - 09h15

Marte pode ter tido mais água que a Terra, dizem cientistas

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

"Planeta água" é um sinônimo para qual objeto do Sistema Solar? Até ontem a resposta seria óbvia, mas, hoje, já depende da época. Estudo feito por uma dupla de cientistas nos EUA sugere que Marte pode um dia ter tido mais água que a própria Terra, guardadas as devidas proporções.

Trata-se da primeira detecção de traços de hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera marciana. Eles têm sido procurados desde que foram previstos em teoria, há 30 anos. O equipamento que fez a descoberta não é nenhuma estrela da Nasa, como o telescópio espacial Hubble. É o Fuse (sigla de Explorador Espectroscópico Afastado de Ultravioleta), um satélite modesto, lançado em 1999.

A confirmação de hidrogênio na atmosfera ajuda a consolidar as idéias sobre quanta água Marte teria tido e como ela teria sido perdida. Também apóia explicações sobre o que teria levado sua atmosfera a ser como é hoje.

As quantidades de H2 estariam ligadas a reações ocorridas a partir da presença de vapor d'água na atmosfera, que deve ter aparecido em quantidades abundantes durante a fase em que Marte perdeu sua água, há 4 bilhões de anos.

Com isso, Vladimir Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade Johns Hopkins, ambas nos Estados Unidos, estimaram quanta água teria havido no planeta vermelho nos primórdios de sua existência.

Segundo eles, antes de a água evaporar, um oceano com mais de 1 km de profundidade teria coberto o planeta. Isso seria, proporcionalmente, mais que toda a água da Terra atual, levando em conta as escalas (o diâmetro de Marte é metade do terrestre).

Nem todo cientista aceita esses números. "A quantidade exata [de água em Marte" ainda não sabemos, e não muitos acham que havia mais do que na Terra. Krasnopolsky e Feldman podem estar entre eles, mas os argumentos são bem indiretos", diz Donald Hunten, cientista da Universidade do Arizona escolhido pela "Science" (www.sciencemag.org) para comentar o estudo, que sai hoje.

Até Kranopolsky considera suas conclusões prematuras. "Nossa observação e sua interpretação resultam em uma figura muito precária do que realmente ocorreu." Para obter certezas, diz, outros estudos serão necessários.

Hunten considera a detecção mais importante como sinal de que as teorias para explicar a alta quantidade de gás carbônico na atmosfera marciana estão certas.

Água hoje

Em outro estudo publicado eletronicamente pela "Science", cientistas da Université Paris-Sud, na França, apresentaram um novo modelo para explicar os rastros de água recentes encontrados pela sonda Mars Global Surveyor.

Segundo eles, pequenas quantidades de gelo armazenadas no subsolo do planeta, perto da superfície, se liquefariam com o aumento da temperatura para acima de 0C e emergiriam, carregando consigo detritos que ajudariam a fazer as marcas.

As conclusões são resultado de simulações de computador e comparações com um fenômeno similar que acontece na Groen-lândia.
 

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