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02/01/2002 - 10h36

Físicos ajudaram a desvendar DNA

free-lance para a Folha

O exemplo mais conhecido e mais espetacular do apoio da física a outras áreas do conhecimento foi a descoberta da estrutura química do DNA, em 1953 - simplesmente, o evento fundador da genética contemporânea.

Por incrível que pareça, a estrutura em dupla hélice do DNA começou a ser desvendada devido ao esforço de um físico britânico para neutralizar a superioridade aérea nazista no início da Segunda Guerra Mundial. John Randall, da Universidade de Birmingham, Inglaterra, levou a sério um apelo do governo do Reino Unido para que se construísse um radar capaz de detectar caças alemães a longa distância.

Os aparelhos de vigilância disponíveis à época empregavam ondas de rádio e não enxergavam os pequenos caças alemães de muito longe. Randall resolveu o problema inventando o radar de microondas (usado ainda hoje), que podia identificar os agressores ainda fora do território inglês.

Alçado à categoria de herói, com verba farta para estudar o que quisesse, Randall decidiu dar uma mão aos biólogos e aprimorar um instrumento capaz de mostrar como os átomos estão arranjados dentro das moléculas químicas. Nasceu, assim, o cristalógrafo de raios X, uma espécie de aparelho de radiografia sofisticado, que, não muitos meses mais tarde, revelou a estrutura em hélice da molécula de DNA.

Injustiça
A equipe responsável pela proeza era composta pelos físicos Maurice Wilkins e Rosalind Franklin e pelos biólogos James Watson e Francis Crick. Três membros do quarteto receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 1962. Watson, aliás, começou 2002 sendo condecorado condecorado no Reino Unido com o título honorário de cavaleiro.

Rosalind Franklin ficou de fora, o que é considerado por muitos cientistas uma injustiça histórica da Real Academia de Ciências da Suécia. Hoje a comunidade de físicos insiste no reconhecimento ao nome da pesquisadora.

Esse fato, diga-se de passagem, é narrado com detalhes no livro "O Sol, o Genoma e a Internet", lançado no Brasil no fim do ano passado, do físico americano Freeman Dyson, do Instituto para Estudo Avançado, da Universidade Princeton.

Histórias e injustiças à parte, a física, nos anos 50, ainda mantinha o seu cetro e continuou fornecendo ferramentas decisivas para os avanços das ciências biológicas. Os exemplos mencionados pelos físicos americanos são inúmeros e, de resto, bem conhecidos - vão ao laser e do ultra-som aos tomógrafos, endoscópios e microscópios eletrônicos cada vez mais potentes.

Isso para não falar no computador, sem o qual não teria sido possível, no prazo de apenas dez anos, ter mapeado o genoma humano, a realização mais badalada da genética atualmente.
(FD e AC)
 

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