Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/01/2002 - 09h12

Pesquisadores cearenses estudam alga da Antártida

CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo, enviado especial à Antártida

O sol brilha tanto quanto em Fortaleza, mas há pinguins e neve na praia, e não coqueiros ou areia. Um grupo de pesquisadores da UFCE (Universidade Federal do Ceará) caminha pela orla da baía do Almirantado, na ilha Rei George, Antártida, em busca de algas. Saindo da Estação Antártica Comandante Ferraz, eles andam até o refúgio Ipanema -um dos dois refúgios que o Brasil mantém na ilha, a menos de uma hora dali e a 7.000 km da capital cearense.

O grupo é coordenado pelo bioquímico Dárlio Alves Teixeira, que quer estudar a distribuição das algas antárticas. O projeto tem um duplo objetivo: analisar a diversidade das espécies, para atender a uma das metas do Tratado Antártico (conhecer os recursos naturais renováveis do continente), e caracterizar bioquimicamente a flora marinha do arquipélago das Shetland do Sul, onde está a estação brasileira.

Antiviral e analgésico

Por caracterização bioquímica entenda-se a busca de proteínas ou açúcares produzidos pelas algas que possam ter interesse comercial ou farmacêutico. Estudando algas tropicais, o grupo já conseguiu extrair um composto antiviral e um analgésico. Querem agora isolar produtos semelhantes nas plantas da Antártida.

A pedra, ou melhor, proteína filosofal buscada pelo grupo da UFCE é a lectina, que tem uma ação biológica intensa e pode ser usada terapeuticamente, por exemplo, para melhorar o sistema imunológico. "Ela induz a divisão celular", diz Teixeira. "Pode estimular as células do sistema de defesa do corpo", afirma o pesquisador cearense, que está em sua quarta viagem ao continente.

Proteínas da família das lectinas já são usadas para diagnosticar o câncer e para fazer exames de tipagem sanguínea (determinação dos tipos no sistema ABO). Mas o grupo de Teixeira já conseguiu isolar, de uma alga tropical, uma lectina de ação analgésica, que já teve a patente para essa aplicação pedida. "É dez vezes mais potente que a morfina", diz.

As algas antárticas prometem também boas doses da proteína. De 12 estudadas até agora, 11 apresentam lectina em quantidade detectável para extração. E de uma delas, a Adenocystes, já se conseguiu isolar a molécula.
___________________________________________
Os jornalistas Claudio Angelo e Toni Pires viajaram à Antártida a convite da Secirm (Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página