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12/01/2002
-
08h03
Free-lance para a Folha de S.Paulo
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro estão testando em laboratório uma nova técnica para auxiliar a adaptação de próteses metálicas em pacientes com fraturas. Usando células-tronco (que assumem a função de qualquer tecido), eles querem criar um cimento celular entre a prótese e os ossos, evitando novo desgaste ósseo.
O croata Radovan Borojevic, biólogo da UFRJ e coordenador da pesquisa, tem experiência no trabalho com células-tronco. Sua equipe já desenvolveu com sucesso uma técnica para recuperar a pele de pacientes com queimaduras de terceiro grau usando esse tipo de estrutura celular.
As células-tronco estão entre as vedetes da medicina do futuro. Encontradas em áreas do organismo responsáveis por grande produção celular, como a medula óssea, não possuem uma função definitiva fixada. Sob os estímulos certos, elas se transformam em células de tecido muscular, ósseo ou mesmo nervoso.
No tratamento desenvolvido por Borojevic, células-tronco retiradas das camadas mais profundas da pele do próprio paciente ou de sua medula _evitando assim riscos de rejeição_ mostraram uma capacidade espantosa de crescimento: um centímetro quadrado de epiderme implantada, depois de poucas semanas, gerou um metro quadrado de pele.
Os testes para utilizar as células-tronco no tratamento de fraturas em ossos grandes, como o fêmur, foram motivados pelos grandes inconvenientes das próteses metálicas. "Em geral, a prótese é cimentada no osso com uma cola inorgânica", explica Borojevic.
Ponto de desgaste
"Depois de algum tempo, quando o efeito dela passa, começa a haver atrito entre o metal e o osso, que se corrói. Isso obriga o paciente, no fim das contas, a trocar sua prótese por uma maior."
Se células-tronco forem usadas para integrar prótese e osso, o problema desaparece, já que as células se transformam em tecido e se forma um calo ósseo, cobrindo a extremidade do metal. Se obtiver sucesso, a técnica será ideal para pacientes com osteoporose, mais sujeitos a fraturas e com menor taxa de recuperação óssea.
Para Borojevic, a pesquisa com células-tronco ainda tem vasto campo a explorar, sem necessidade de usar células-tronco embrionárias, procedimento questionado no mundo todo e proibido pela Lei de Biossegurança no Brasil.
"O embrião doador é um indivíduo geneticamente distinto do receptor das células, o que já representa problemas", diz o cientista, embora concorde que a pesquisa com células-tronco embrionárias tem um potencial importante.
Uma alternativa, de acordo com ele, é armazenar o sangue que circula entre o feto e a placenta na hora do parto, também cheio de células-tronco. "Isso poderia ser transformado num banco de células para o indivíduo por toda a vida", afirma Borojevic.
Células-tronco podem cimentar implante
REINALDO JOSÉ LOPESFree-lance para a Folha de S.Paulo
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro estão testando em laboratório uma nova técnica para auxiliar a adaptação de próteses metálicas em pacientes com fraturas. Usando células-tronco (que assumem a função de qualquer tecido), eles querem criar um cimento celular entre a prótese e os ossos, evitando novo desgaste ósseo.
O croata Radovan Borojevic, biólogo da UFRJ e coordenador da pesquisa, tem experiência no trabalho com células-tronco. Sua equipe já desenvolveu com sucesso uma técnica para recuperar a pele de pacientes com queimaduras de terceiro grau usando esse tipo de estrutura celular.
As células-tronco estão entre as vedetes da medicina do futuro. Encontradas em áreas do organismo responsáveis por grande produção celular, como a medula óssea, não possuem uma função definitiva fixada. Sob os estímulos certos, elas se transformam em células de tecido muscular, ósseo ou mesmo nervoso.
No tratamento desenvolvido por Borojevic, células-tronco retiradas das camadas mais profundas da pele do próprio paciente ou de sua medula _evitando assim riscos de rejeição_ mostraram uma capacidade espantosa de crescimento: um centímetro quadrado de epiderme implantada, depois de poucas semanas, gerou um metro quadrado de pele.
Os testes para utilizar as células-tronco no tratamento de fraturas em ossos grandes, como o fêmur, foram motivados pelos grandes inconvenientes das próteses metálicas. "Em geral, a prótese é cimentada no osso com uma cola inorgânica", explica Borojevic.
Ponto de desgaste
"Depois de algum tempo, quando o efeito dela passa, começa a haver atrito entre o metal e o osso, que se corrói. Isso obriga o paciente, no fim das contas, a trocar sua prótese por uma maior."
Se células-tronco forem usadas para integrar prótese e osso, o problema desaparece, já que as células se transformam em tecido e se forma um calo ósseo, cobrindo a extremidade do metal. Se obtiver sucesso, a técnica será ideal para pacientes com osteoporose, mais sujeitos a fraturas e com menor taxa de recuperação óssea.
Para Borojevic, a pesquisa com células-tronco ainda tem vasto campo a explorar, sem necessidade de usar células-tronco embrionárias, procedimento questionado no mundo todo e proibido pela Lei de Biossegurança no Brasil.
"O embrião doador é um indivíduo geneticamente distinto do receptor das células, o que já representa problemas", diz o cientista, embora concorde que a pesquisa com células-tronco embrionárias tem um potencial importante.
Uma alternativa, de acordo com ele, é armazenar o sangue que circula entre o feto e a placenta na hora do parto, também cheio de células-tronco. "Isso poderia ser transformado num banco de células para o indivíduo por toda a vida", afirma Borojevic.
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