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13/01/2002 - 08h33

Catástrofes meteóricas

JOSÉ REIS
especial para a Folha de S.Paulo

Talvez por inspiração da prevista e ocorrida colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com a atmosfera de Júpiter, a Royal Astronomical Society de Londres promoveu reunião para debater os efeitos de imaginários e reais impactos de gigantescos objetos celestes na superfície da Terra (devastações, incêndios, crateras, períodos glaciais e escuros etc.).

O assunto, que sempre esteve nas cogitações humanas, foi alvo de animadas intervenções. John Gribbin se referiu a alguns de seus tópicos em "New Scientist". O interesse pelo assunto foi reativado na década de 80, quando Luis e Walter Alvarez relacionaram a famosa extinção, ou quase, dos dinossauros e outros seres vivos com a queda de cometa ou meteorito que abriu enorme cratera na península de Yucatán, México.

Data de 1908 o impacto de vasto fragmento, o episódio Tunguska, na Sibéria, que devastou imensa área e provocou vastos incêndios, cuja repetição se prevê para daqui a mil anos. Os especialistas lembraram que na parte mais externa do Sistema Solar circulam blocos de gelo de até 200 km de diâmetro, os quais formam verdadeiras nuvens. Eles fazem parte do cinturão de Kuiper, ao qual também pertence o planeta Plutão. Mais além, há a nuvem de Oort, composta também por rochas remanescentes da época de formação do Sistema Solar.

Ao aproximar-se do Sol esses núcleos cometários tendem a partir-se, como aconteceu com o Shoemaker-Levy quando se acercou de Júpiter. Ele se transformou em série de enormes detritos e causou grande perturbação na superfície do planeta. Mark Bailey mostrou como perturbações gravitacionais provocam o despencamento de um desses gigantescos blocos na parte interna do Sistema Solar a cada 200 mil anos, levando-os a órbitas muito próximas do Sol, nas quais se estilhaçam e passam a cruzar a órbita terrestre, formando os NEOs (objetos próximos à Terra, na sigla em inglês).

Ao atravessar a nuvem de gigantescos fragmentos nosso planeta será alvo de densa poeira por milênios, até dissipação final da poeira mais fina pelo vento solar. Conta-se em bilhões de toneladas anuais a carga de poeira que a Terra recebe e a porção dessa poeira que se deposita permanentemente no planeta pode reduzir, segundo Bill Napier, de 3 a 5C a temperatura, possivelmente iniciando uma era glacial. Além da deposição de poeira grossa teremos os efeitos dos detritos cometários, que podem atingir dezenas de quilômetros de diâmetro. Era de 10 km o fragmento que teria acarretado a morte dos dinossauros, há 65 milhões de anos. É claro que são maiores as probabilidades da queda de fragmentos menores.

Conforme Victor Clube, estamos vivendo as consequências da fragmentação de gigantesco cometa no interior do Sistema Solar. Esse fato pode estar associado com o mais recente período glacial, iniciado há 100 mil anos. A Terra passaria pela parte mais densa dessa nuvem de resíduos a cada 3.000 anos (anos 2500 a.C. a 500 de nossa era), momentos em que teriam sido comuns fenômenos como Tunguska durante uns cem anos em locais diferentes. Os dados de Clube, que por muito tempo pareceram meras sugestões, se apresentam hoje como mais seguros. Ele prevê o próximo evento para daqui a 3.000 anos mais ou menos.
 

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