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14/01/2002
-
09h22
da Folha de S.Paulo
Uma técnica de engenharia de tecidos criada por pesquisador brasileiro poderá uma dia reverter defeitos congênitos em bebês recém-nascidos. E com uma vantagem: em lugar das polêmicas células-tronco embrionárias, o procedimento usa células fetais retiradas do líquido amniótico da mãe durante a gestação.
O trabalho, citado na última edição da revista "Pesquisa Fapesp", foi liderado por Dario Fauza, da Escola Médica da Universidade Harvard (EUA).
Células-tronco embrionárias podem se diferenciar em praticamente qualquer tipo de célula específica do corpo, mas precisam ser retiradas de embriões que serão descartados. "Nossa técnica não apresenta dilemas éticos. Estamos fugindo da polêmica das células-tronco", diz o brasileiro.
Sua pesquisa revelou que é possível obter do líquido amniótico células imaturas da linhagem mesenquimal. Essas células dão origem aos tecidos ósseo, cartilaginoso e conectivo (que preenche os espaços entre os órgãos).
Alguns defeitos congênitos, como hérnias diafragmáticas, abdominais ou torácicas, podem ser diagnosticados enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe, por ultra-som. Pela técnica de Fauza, ainda experimental e testada só em animais, o líquido amniótico é coletado e, enquanto o feto prossegue em gestação, o tecido vai sendo cultivado em laboratório.
Assim que o bebê nasce, ele é submetido à cirurgia de correção do defeito, na qual é empregado o tecido cultivado. "As técnicas atuais usam próteses que podem causar infecções, deformidades e até se soltar", diz Fauza. Segundo o médico, o risco de deixar o bebê crescer com esse defeito é maior do que operar um recém-nascido.
Fauza está realizando experimentos com ovelhas, pois seus filhotes são de tamanho similar ao de humanos. Apenas para o experimento, eles realizam uma cirurgia no feto dentro da barriga da mãe, para provocar uma hérnia diafragmática. Depois retiram as células imaturas do líquido e aguardam o fim da gestação. Após o nascimento, o filhote é submetido à cirurgia reparadora.
"Estamos tendo bons resultados", diz o autor do trabalho, que deverá ser publicado na revista "Journal of Pediatrics Surgery". Mais estudos são necessários antes de a técnica ser testada em bebês com defeitos congênitos.
Para um adulto utilizar a técnica, ele precisaria ter retirado o líquido amniótico durante a própria gestação, armazenando-o em um banco semelhante ao que alguns centros estão constituindo com o sangue do cordão umbilical. Esse material também possui células imaturas, mas que dão origem a células sanguíneas.
Líquido amniótico pode corrigir defeitos em bebês recém-nascidos
GABRIELA SCHEINBERGda Folha de S.Paulo
Uma técnica de engenharia de tecidos criada por pesquisador brasileiro poderá uma dia reverter defeitos congênitos em bebês recém-nascidos. E com uma vantagem: em lugar das polêmicas células-tronco embrionárias, o procedimento usa células fetais retiradas do líquido amniótico da mãe durante a gestação.
O trabalho, citado na última edição da revista "Pesquisa Fapesp", foi liderado por Dario Fauza, da Escola Médica da Universidade Harvard (EUA).
Células-tronco embrionárias podem se diferenciar em praticamente qualquer tipo de célula específica do corpo, mas precisam ser retiradas de embriões que serão descartados. "Nossa técnica não apresenta dilemas éticos. Estamos fugindo da polêmica das células-tronco", diz o brasileiro.
Sua pesquisa revelou que é possível obter do líquido amniótico células imaturas da linhagem mesenquimal. Essas células dão origem aos tecidos ósseo, cartilaginoso e conectivo (que preenche os espaços entre os órgãos).
Alguns defeitos congênitos, como hérnias diafragmáticas, abdominais ou torácicas, podem ser diagnosticados enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe, por ultra-som. Pela técnica de Fauza, ainda experimental e testada só em animais, o líquido amniótico é coletado e, enquanto o feto prossegue em gestação, o tecido vai sendo cultivado em laboratório.
Assim que o bebê nasce, ele é submetido à cirurgia de correção do defeito, na qual é empregado o tecido cultivado. "As técnicas atuais usam próteses que podem causar infecções, deformidades e até se soltar", diz Fauza. Segundo o médico, o risco de deixar o bebê crescer com esse defeito é maior do que operar um recém-nascido.
Fauza está realizando experimentos com ovelhas, pois seus filhotes são de tamanho similar ao de humanos. Apenas para o experimento, eles realizam uma cirurgia no feto dentro da barriga da mãe, para provocar uma hérnia diafragmática. Depois retiram as células imaturas do líquido e aguardam o fim da gestação. Após o nascimento, o filhote é submetido à cirurgia reparadora.
"Estamos tendo bons resultados", diz o autor do trabalho, que deverá ser publicado na revista "Journal of Pediatrics Surgery". Mais estudos são necessários antes de a técnica ser testada em bebês com defeitos congênitos.
Para um adulto utilizar a técnica, ele precisaria ter retirado o líquido amniótico durante a própria gestação, armazenando-o em um banco semelhante ao que alguns centros estão constituindo com o sangue do cordão umbilical. Esse material também possui células imaturas, mas que dão origem a células sanguíneas.
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