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16/01/2002 - 18h51

Micróbio radical encontrado nos EUA poderia sobreviver em Marte

da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Cientistas americanos descobriram uma colônia de microorganismos cujo funcionamento poderia dar indicações sobre eventuais ecossistemas extraterrestres similares, de acordo com pesquisa publicada na edição de amanhã da revista científica britânica 'Nature'.

Os micróbios foram descobertos no estado norte-americano de Idaho, em fontes d'água subterrâneas a 200 metros de profundidade. São organismos conhecidos como extremófilos, capazes de viver em condições nas quais supostamente não deveria haver vida.

Esses micróbios, capazes de produzir seu sustento sem a luz do Sol, se alimentam de hidrogênio e devolvem metano e água ao ambiente. Pertencem ao domínio Archaea, um dos três grandes reinos biológicos (ao lado de bactérias e dos demais seres vivos).

Os micróbios encontrados agora não são, em si, uma novidade _todos eles já haviam sido vistos e estudados antes. Mas a concentração em que aparecem, sim.

Isso sugere, segundo os pesquisadores, que tanto organismos individuais quanto ecossistemas inteiros possam sobreviver sem a presença de espécies que realizam fotossíntese (conversão de luz em energia química, como a realizada por plantas).

Esse seria um pré-requisito para a existência de formas de vida nos oceanos do subsolo da lua Europa, de Júpiter, por exemplo, ou na água que os cientistas acreditam existir sob a superfície de Marte

A equipe de cientistas, dirigida por Francis Chapelle, do instituto US Geological Survey, da Carolina do Sul, escolheu como base de pesquisa o sítio de Lidy Hot Springs, em Idaho, por considerar este o que tinha as maiores chances de apresentar condições comparáveis àquelas que supõem existir em Marte e Europa, ou seja, um terreno carente de compostos orgânicos, mas cujo subsolo rochoso produzisse hidrogênio.

Os cientistas conseguiram identificar os micróbios em questão através de seu sequenciamento genético. É a primeira vez que um meio de vida dominado por metanogênicos (que produzem metano) é isolado e analisado, ressaltam os estudiosos.

"O estudo demonstra que, se houver hidrogênio e água no subsolo, então a vida é possível", diz Derek Lovley, da Universidade de Massachusetts, um dos líderes do estudo. O que não quer dizer que necessariamente tenha surgido em outras partes do Sistema Solar, mas ao menos reforça a idéia de que isso possa ter acontecido.

"Com base no que sabemos até agora, esses organismos poderiam muito bem viver em Marte", afirma o pesquisador.

O próximo passo dessa pesquisa seria descobrir o que torna esses organismos tão bem adaptados para viver em locais superaquecidos (esses estavam a uma temperatura de 58,5ºC) e sem luminosidade. "E encontrar estratégias para detectar prontamente essas comunidades microbiais em outros planetas", afirma Lovley.

Apesar do óbvio interesse em razão da possibilidade de vida alienígena, o biólogo, que trabalha há dez anos com extremófilos, acha que esses estudos apresentam tanta ou até mais importância para entender o processo de evolução da vida na própria Terra. "Um importante ponto a ter em mente é que isso também tem implicações para a vida na Terra. Ele expande os habitats conhecidos que podem suportar vida."

Com informações da France Presse
 

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