Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/01/2002 - 09h51

MCT e CNPq têm iniciativas para avanço nas nanotecnologias

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

O ano de 2002 poderá marcar o início de uma política agressiva de desenvolvimento de nanotecnologia no Brasil. Duas iniciativas por parte do governo federal, uma coordenada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e outra diretamente pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) prometem estabelecer estratégias mais organizadas para estimular as pesquisas no setor.

O CNPq pretende investir no mínimo R$ 3 milhões este ano em nanociências -estudos que lidam com estruturas de dimensões atômicas e moleculares, medidas em milionésimos de milímetro. A iniciativa começou em 2001, quando o CNPq investiu outros R$ 3 milhões para estabelecer o sistema de fomento a pesquisas ligadas a nanotecnologia.

Segundo Celso Melo, diretor do conselho responsável pelo programa, foi esse primeiro ano que ajudou a criar as fundações, mas é em 2002 que os frutos do esforço logístico começarão a aparecer.

Seguindo o rastro do programa criado pelo CNPq, o MCT reservou em 2002 outros R$ 3 milhões para dar início à criação de um Centro Nacional de Referência em Tecnologia. A idéia é ter o centro operando no máximo até o começo do segundo semestre.

Embora sejam políticas de fomento distintas, não haveria risco de duplicação de esforços. "As duas iniciativas são complementares", diz Cylon Gonçalves da Silva, que coordena a criação do centro no MCT. "O projeto do Cylon é desenvolver um centro de referência. A idéia do CNPq é costurar a comunidade científica como um todo", diz Melo.

Enquanto o CNPq estaria incentivando a produção de ciência de forma horizontalizada -ou seja, constituindo uma base de pesquisa genérica para todo o setor-, o projeto do MCT tentaria desenvolver áreas-chave em sentido verticalizado, objetivando a condução de pesquisas que levem a aplicações práticas na indústria.

Silva está no momento fazendo a prospecção de informações para descobrir em que áreas valeria mais a pena investir. Seu relatório deve ficar pronto em março.

Apesar das diferenças abismais entre os recursos investidos por países como EUA e Japão na área (na casa das centenas de milhões) e a proposta brasileira que começa a se formar, Silva aposta na amplitude das nanociências para dar ao país alguma chance de competitividade no plano internacional.

"Nanotecnologia é um setor muito amplo. Precisamos investir em setores que foram deixados por outros países e que atendam a nossos interesses", afirma.

Nanoeletrônica, por exemplo, que é a grande cobiça entre americanos e japoneses, deve ser carta fora do baralho no Brasil. "É preciso olhar realisticamente. O Brasil não tem um parque industrial de microeletrônica suficientemente desenvolto", diz Silva.

As definições sobre os enfoques do centro só serão concluídas em março, mas já há algumas prioridades em vista. Os principais esforços devem girar em torno da indústria química e petroquímica (por exemplo, com a criação de catalisadores nanoestruturados) e da agricultura.

Os nanoassuntos estão na boca de toda a comunidade científica. A revista "Science" elegeu essas pesquisas como o grande destaque da ciência no ano passado.

Em 2001, o trabalho feito para a produção do "Livro Verde" do MCT (diagnóstico da ciência e da tecnologia no Brasil) permitiu indicar a viabilidade das nanociências. "Foi verificado que a dimensão da comunidade científica permite o desenvolvimento dessas estratégias", diz Melo.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página