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06/02/2002 - 12h29

Bronzeamento artificial eleva risco de câncer, diz estudo

da Agência Lusa

Quem faz bronzeamento artificial corre mais riscos de contrair câncer de pele, confirma um estudo realizado por cientistas norte-americanos. Os pesquisadores alertam que quanto mais jovens são os usuários dos solários, mais perigos correm.

As lâmpadas destes dispositivos, que emitem doses maciças de raios ultravioletas tipo A (UVA), são também utilizadas com fins médicos, mas é o aspecto bronzeado que permitem obter durante o ano inteiro que chama a atenção de cada vez mais pessoas em todo o mundo.

"A popularidade crescente dos bronzeados artificiais entre adolescentes e jovens adultos é motivo para preocupação", afirmou a principal autora do estudo, Margareth Karagas, epidemiologista da Darmouth Medical School (DMS), situada em Hanover (New Hampshire - EUA).

Os resultados da pesquisa estão publicados na edição de hoje do "Journal of the National Cancer Institute".

"Existem vários estudos já publicados que comprovam existir uma relação entre a exposição a estas lâmpadas e o aumento do risco de contrair câncer de pele", afirmou João Abel Amaro, diretor do serviço de dermatologia do Instituto Português de Oncologia (IPO).

"Como dermatologista, desaconselho a utilização, por razões estéticas, de solários ou de outros sistemas que funcionem à base destas lâmpadas", afirmou o clínico do IPO. Como alternativa, o médico aconselha os cremes auto-bronzeadores de aplicação local.

Segundo Abel Amaro, a utilização destas lâmpadas é muito mais perigosa que a exposição às radiações do Sol, já que ele emite um "cocktail" de radiações (UVA, UVB, luz visível e infravermelhos) muito mais equilibrado.

Os estudos realizados até agora centravam-se sobretudo no mais mortífero dos cânceres de pele, o melanoma, e menos nas formas mais frequentes desta doença, os carcinomas baso-celular e espino- celular.

O estudo da DMS, co-financiado pelo Estado, envolveu 1.500 moradores de New Hampshire com idades entre 25 e 74 anos.

Os cientistas entrevistaram as pessoas sobre a sua história de exposição à luz solar, de utilização de sistemas artificiais de bronzeamento, de tratamentos à base de radiações e sobre os seus hábitos de tabagismo.

Entre os participantes encontram-se mais de 800 homens e mulheres a quem foi diagnosticado um câncer da pele: 606 com carcinoma baso-celular e 293 com carcinoma espino-celular, além de 540 sem qualquer tipo de tumor.

Segundo os resultados obtidos, as pessoas que afirmaram ter usado lâmpadas para se bronzear artificialmente revelaram-se 2,5 vezes mais suscetíveis a desenvolver carcinomas espino-celulares e 1,5 vezes mais propícias a contrair carcinoma baso-celular relativamente às que nunca usaram estes dispositivos.

Os outros fatores, como queimaduras solares, ou exposição à luz solar, não foram suficientes para explicar o aumento do risco de câncer da pele.

Além do mais, os cientistas concluíram que o risco de carcinomas baso-celular e espino-celular aumenta quando os utilizadores são mais jovens (numa proporção de 20% e 10% respectivamente, por cada década mais cedo em que se iniciava a utilização destas lâmpadas).

Segundo Karagas, estes dados fazem sentido e permitem concluir que a utilização de lâmpadas de ultravioletas aumentam o risco de carcinomas baso-celular e espino-celular.

Os autores do estudo apelam para "respostas apropriadas do sistema público de saúde", dirigidas sobretudo à população mais jovem que costuma usar estes sistemas, tais como a interdição da utilização destes aparelhos por menores ou a necessidade de uma autorização escrita por parte dos encarregados de educação.

O médico Abel Amaro "subscreve inteiramente este alerta", acrescentando que deveria existir em cada solário pelo menos um técnico credenciado que permitisse minimizar os riscos desta prática.

"Esse técnico poderia determinar qual o fototipo cutâneo do utilizador e aconselhá-lo sobre o tempo máximo de exposição", exemplificou.

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