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10/02/2002 - 09h52

Aumentam os conhecimentos sobre células-matrizes do sangue

JOSÉ REIS
especial para a Folha de S.Paulo

Nos últimos anos tem aumentado extraordinariamente o conhecimento sobre as células-matrizes do sangue, que têm a capacidade de se replicar e se diferenciar, dando origem a todas as células sanguíneas. Esse novo conhecimento está abrindo caminho para melhorar os transplantes de medula óssea e a terapia de terríveis doenças como câncer, Aids, anemia aplástica e perturbações autoimunes -nas quais o organismo ataca os próprios tecidos e órgãos.

As células sanguíneas são numerosas e têm forma e função variáveis. Os glóbulos vermelhos (ou hemácias), desprovidos de núcleo, transportam o oxigênio a todo o corpo. Os glóbulos brancos (leucócitos), que abrangem os linfócitos, os monócitos e os granulócitos, entre os quais se destacam os neutrófilos, fazem parte do sistema imune, que protege o indivíduo contra eventuais inimigos. As plaquetas (trombócitos) contribuem para a coagulação do sangue.

A célula-matriz (célula-tronco) que vive na medula óssea dá origem a toda essa variedade de elementos. Ela é por isso chamada de totipotente. Diferencia-se em células de menor amplitude de ação (pluripotentes) que por sua vez se diferenciam em linhagens específicas (precursoras), que dão as células que circulam no sangue. As células-tronco também ocorrem no sangue do cordão umbilical. Elas aparecem primeiro no chamado saco vitelino do embrião, mas, à medida que o feto cresce, transferem-se para o fígado, que assume sua produção. As matrizes fetais são diferentes das do indivíduo já nascido. Parece haver um relógio biológico que, no momento oportuno, faz a passagem de um tipo de célula-matriz para outro.

Nos transplantes de medula óssea, as células-matrizes são o elemento fundamental. Com a medula, elas podem ser armazenadas em congeladores a temperatura muito baixa. Após o descongelamento, podem ser reinjetadas no doador ou em outras pessoas. Reinjetadas, elas restabelecem no receptor os sistemas hematológico e imune.

A replicação e diferenciação das células precursoras pode fazer-se com incrível rapidez. Uma pessoa média pode criar de 3 a 10 bilhões de plaquetas, glóbulos vermelhos, neutrófilos e linfócitos por hora e, em caso de necessidade, quantidades dez vezes maiores. As células do sangue têm duração variável: 120 dias para os glóbulos vermelhos, uma semana para as plaquetas e 8 horas para os neutrófilos. Há linfócitos que duram anos e, às vezes, a vida inteira.

É muito difícil isolar as células-matrizes da massa da medula óssea, mas ultimamente têm-se feito grandes progressos nesse terreno, especialmente pelo uso de anticorpos monoclonais (substâncias de defesa dotadas de grande especificidade). Os especialistas também já conseguiram cultivar células-matrizes em meios altamente complexos. Com as células assim obtidas, têm-se realizado importantes experiências e observações de grande interesse teórico e prático. Sirva de exemplo o estudo dos hormônios que regulam a hematopoiese (formação de sangue).

Outro exemplo são os efeitos do ambiente medular sobre a atividade das células-matrizes. Em condições muito especiais, se obteve em culturas de medula leucêmica a separação espontânea de células-matrizes doentes das sãs.

O grande objetivo das pesquisas sobre células-matrizes é melhorar o tratamento das doenças dos sistemas hematológico e imune. Em outras palavras, essas investigações visam a aperfeiçoar as técnicas de transplante de medula óssea.
 

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