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11/02/2002 - 09h06

Grupo clona camundongo a partir de célula adulta com certeza total

RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Um experimento com camundongos mostrou agora que não há mais dúvidas de que clonar um ser vivo 100% igual ao original a partir de um adulto é possível, embora ainda seja arriscado.

A ovelha Dolly virou manchete em 1997 como o primeiro animal clonado a partir de células de um animal adulto -ela surgiu de células mamárias de uma ovelha de seis anos de idade. Mas sempre houve uma dúvida: quão "adulta" era a célula que a originara?

Ainda não se sabe, e talvez nunca se saberá isso sobre ela. Mas agora, pela primeira vez sem a menor dúvida, um camundongo sem nome foi de fato clonado de uma célula adulta (células de defesa chamadas linfócitos B e T).

O camundongo é a primeira prova concreta de que células de adultos, ou "diferenciadas", podem formar clones. O estudo foi feito por Konrad Hochedlinger e Rudolf Jaenisch, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), e publicado online pela revista científica britânica "Nature" (www.nature.com).

Jaenisch é um dos pioneiros na clonagem. Ele escreveu um artigo com o criador de Dolly, Ian Wilmut, condenando a clonagem de seres humanos, reproduzido pela Folha em 30 de março de 2001.

"Existem basicamente dois tipos de células-tronco: as embriônicas, que são derivadas do embrião e têm o potencial de crescer na forma de todos os tecidos e órgãos do camundongo, e as somáticas, que são encontráveis nos órgãos de um adulto em pequenos números", diz Hochedlinger.

Dolly e outros animais subsequentes foram clonados a partir de células somáticas já diferenciadas, isto é, do corpo de organismos adultos. Mas são necessárias muitas células para que a clonagem dê certo. Os cientistas acham que isso pode ter acontecido por causa dessas células-tronco somáticas, não de todo "adultas".

Os cientistas usaram um método novo e mais eficiente para clonar o camundongo a partir do núcleo (onde está o material genético) das células do sangue. Usar linfócitos permitiu saber com certeza que o camundongo foi clonado a partir deles, pois são células com material genético que pode ser identificado com facilidade.

Eles criaram um procedimento em duas etapas. Primeiro, uma linhagem de células-tronco embriônicas a partir de um embrião clonado. Depois, enxertaram-no em outro embrião quando este tinha apenas quatro células (o que se chama de um blastocisto).

Mortes precoces
Outro artigo, na revista "Nature Genetics", relata que 12 camundongos clonados morreram antes de roedores com carga genética equivalente, mas concebidos de modo natural. A pesquisa foi feita por Atsuo Ogura, do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, de Tóquio. O estudo será provavelmente usado como mais um argumento contra a clonagem reprodutiva de seres humanos.
 

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