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25/03/2002
-
16h33
da Folha de S. Paulo
Dois estudos feitos o Brasil na área de nanotecnologia prometem maior eficiência em áreas tão díspares quanto a computação e a esquistossomose.
Um deles, realizado por pesquisadores da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), no interior de São Paulo, não parece imponente à primeira vista: um pó cinzento cujos grãos têm proporções nanométricas (de milionésimos de milímetro). O pozinho, porém, tem propriedades especiais: composto por um envelope de dióxido de silício que encobre partículas de níquel, ele é um material superparamagnético. Ou seja: pode mudar sua polaridade eletromagnética (de negativo para positivo) de forma extremamente rápida, o que faz dele a matéria-prima ideal para nanocircuitos eletrônicos.
Edson Leite, do Departamento de Química da Ufscar, conta que a sugestão de engenheiros da Nasa, num congresso nos EUA, o levou a pensar em outra aplicação para o nanopó: "Poderíamos usá-lo como catalisador [substância que acelera reações químicas" para criar nanotubos de carbono".
Testando o composto, eles viram que substâncias ricas em carbono realmente se quebravam na presença do pó, liberando carbono, que se organizava na forma de nanotubos. Essas estruturas nanoscópicas são uma das maiores esperanças para a obtenção de circuitos de computador mais rápidos e muito menores.
Já na Unesp de Araraquara, a poucos quilômetros de São Carlos, a pesquisadora Maria Palmira Gremião enveredou por outro caminho: usar os lipossomas, moléculas de gordura da membrana celular, para melhorar o desempenho dos remédios contra a esquistossomose (mal causado pelo verme Schistosoma mansoni).
O praziquantel, remédio usado contra o verme, tem dificuldade de se dissolver em água e, por isso, é pouco absorvido pelo intestino. Usando uma nanocápsula do lipossoma, que "agarra" o medicamento por ter forte afinidade química com ele, Gremião conseguiu 50% mais eficiência, matando o parasita em camundongos. A meta, agora, é testar a cápsula em humanos.
Equipe desenvolve pó capaz de produzir nanotubos
REINALDO JOSÉ LOPESda Folha de S. Paulo
Dois estudos feitos o Brasil na área de nanotecnologia prometem maior eficiência em áreas tão díspares quanto a computação e a esquistossomose.
Um deles, realizado por pesquisadores da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), no interior de São Paulo, não parece imponente à primeira vista: um pó cinzento cujos grãos têm proporções nanométricas (de milionésimos de milímetro). O pozinho, porém, tem propriedades especiais: composto por um envelope de dióxido de silício que encobre partículas de níquel, ele é um material superparamagnético. Ou seja: pode mudar sua polaridade eletromagnética (de negativo para positivo) de forma extremamente rápida, o que faz dele a matéria-prima ideal para nanocircuitos eletrônicos.
Edson Leite, do Departamento de Química da Ufscar, conta que a sugestão de engenheiros da Nasa, num congresso nos EUA, o levou a pensar em outra aplicação para o nanopó: "Poderíamos usá-lo como catalisador [substância que acelera reações químicas" para criar nanotubos de carbono".
Testando o composto, eles viram que substâncias ricas em carbono realmente se quebravam na presença do pó, liberando carbono, que se organizava na forma de nanotubos. Essas estruturas nanoscópicas são uma das maiores esperanças para a obtenção de circuitos de computador mais rápidos e muito menores.
Já na Unesp de Araraquara, a poucos quilômetros de São Carlos, a pesquisadora Maria Palmira Gremião enveredou por outro caminho: usar os lipossomas, moléculas de gordura da membrana celular, para melhorar o desempenho dos remédios contra a esquistossomose (mal causado pelo verme Schistosoma mansoni).
O praziquantel, remédio usado contra o verme, tem dificuldade de se dissolver em água e, por isso, é pouco absorvido pelo intestino. Usando uma nanocápsula do lipossoma, que "agarra" o medicamento por ter forte afinidade química com ele, Gremião conseguiu 50% mais eficiência, matando o parasita em camundongos. A meta, agora, é testar a cápsula em humanos.
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