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23/04/2002 - 06h35

Centros de pesquisa do Rio de Janeiro agonizam com pouca verba

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio

Três centros de excelência em pesquisa no Rio de Janeiro estão passando por uma crise que, em pelo menos um dos casos, pode resultar no fechamento de cursos de pós-graduação.

Por razões diferentes, pesquisadores do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e de centros da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estão preocupados com o futuro de unidades que são referência em ensino e pesquisa para todo o Brasil.

A situação que mais chama a atenção é a do Iuperj, ligado à Universidade Candido Mendes e um dos mais conhecidos centros de pesquisa em ciências sociais em atividade no país.

O Iuperj foi fundado em 1969 e tem ou já teve em seus quadros pesquisadores como Luiz Werneck Vianna, Wanderley Guilherme dos Santos e Renato Lessa.

A crise do instituto é explicada, principalmente, pela crise de universidades particulares tradicionais do Rio. Com a concorrência de instituições que cobram mensalidades mais baratas, como Estácio de Sá e UniverCidade, instituições privadas como as Universidades Santa Úrsula e Candido Mendes perderam alunos e passaram a atrasar os salários de seus funcionários. No Iuperj, o 13º salário dos professores não havia sido pago até a semana passada.

O diretor do Iuperj, Fabiano Santos, e o reitor da Universidade Candido Mendes, Candido Mendes, preferem não falar da crise. A solução para o problema poderia vir de Brasília. Na terça-feira, uma comissão do Ministério da Educação começa a discutir alternativas.

Uma delas é a transformação do Iuperj em organização social, o que permitiria que a entidade recebesse verbas do governo federal por meio de contratos de gestão.

Nos centros de pós-graduação da UFRJ, o problema não é atraso de salário, mas, sim, a crise que toda a universidade atravessa. A falta de recursos para melhoria da infra-estrutura e custeio fez com que a Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia), um dos mais importantes centros de pós-graduação e pesquisa tecnológica na América Latina, ficasse sem telefones por causa da falta de pagamento.

"A crise sempre afeta. Os problemas salariais e de infra-estrutura da UFRJ também nos prejudicam. Quando um funcionário tem salário baixo e entra em greve, por exemplo, nós temos de respeitar", diz o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe.

Ele ressalva, no entanto, que a crise não é originada na Coppe. "A universidade tem um problema de manutenção, mas isso nada tem a ver com os nossos contratos. As instalações são bem mantidas com nossas verbas."

Em unidades sem a mesma capacidade de captação de recursos próprios, o problema é mais grave. É o caso do Instituto de Biofísica da UFRJ, cujo curso de pós-graduação recebeu conceito máximo na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) na última avaliação, o que indica excelência acadêmica internacional.

O instituto sofre com problemas estruturais, como goteiras e infiltrações em laboratórios. "A UFRJ recebeu uma quantia para fazer reformas de infra-estrutura da universidade, mas os recursos são apenas um conta-gotas no oceano. Há laboratórios com goteiras. Quando chove, temos que cobrir equipamentos com plástico", conta o diretor do instituto, Walter Araújo Zin.
 

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