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30/04/2002 - 18h01

Pesquisa genética pode salvar milhões de vidas, segundo OMS

da Efe, em Brasília

Os notáveis avanços das pesquisas genéticas podem salvar milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento com doenças como a Aids, malária e tuberculose, segundo um relatório divulgado hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O relatório titulado "Genoma humano e saúde mundial" foi elaborado por 14 médicos especialistas e analisa os recentes progressos e aplicações para combater certas doenças.

Entre os resultados alcançados até agora, o relatório destaca a "um mosquito que não pode hospedar o parasita da malária, causador de muitas mortes nos países em desenvolvimento". Também enfatiza o "rápido preparo de uma classe de medicamentos contra a malária, potencialmente eficazes contra os parasitas que desenvolvem resistência química múltipla a custos baixos".

Assim, cita a elaboração, na Índia, de uma "vacina experimental" contra o principal tipo de malária nesse país, criada por uma equipe de cientistas do Centro de pesquisa genética de Nova Déli.

Além disso, o estudo do genoma humano permitiu obter "dois novos tipos de vacinas contra a tuberculose", uma das quais já se encontra em fase de "examinação clínica", aponta o documento.

Outro resultado é a preparação de "uma vacina contra a meningite B pelo instituto J. Finlay de Cuba", o que "demonstra o potencial dos países em desenvolvimento na área da biotecnologia", acrescenta a OMS.

Em relação à Aids, afirma que atualmente estão sendo realizados "testes clínicos de uma vacina experimental" em Nairóbi e em Oxford elaborada por especialistas do Quênia e do Reino Unido.

O estudo sobre o genoma humano "se for bem desenvolvido, pode mudar completamente os serviços de saúde", comenta a diretora-geral da OMS, Gro Harlem Brundtland.

Segundo o responsável da OMS, a pesquisa genética "pode permitir, especialmente aos países mais pobres, pular etapas do desenvolvimento médico".

O relatório lembra que nos últimos anos, equipes de especialistas trabalham na busca do genoma humano completo, que teria de "28.000 a 40.000 genes" ou "segmentos de DNA portadores de informação requerida para cada função biológica em qualquer ser vivo". Acrescenta que "os cientistas também mapearam os genomas e patógenos importantes, vetores de doenças e plantas".

O principal autor do relatório, o professor de medicina molecular da Universidade de Oxford David Weatherall afirma que o documento "ilustra como a comunidade mundial poderia utilizar a genética para erradicar doenças como a malária, a tuberculose e a Aids".

Weatherall ressalta que a pesquisa genética também permitirá enfrentar outras doenças como "cardiopatias, diabetes e câncer" que "paralisam os sistemas de saúde em todos os países".

Porém, acentua que tais pesquisas requerem "um importante investimento de capital" por isso se limita aos países industrializados, exceto o Brasil, China, Índia e Cuba. "A longo prazo existem tantas possibilidades, que tanto os países em desenvolvimento como os industrializados devem se preparar para esta nova tecnologia e explorar atentamente todo o seu potencial", conclui Weatherall.

No entanto, para o professor Dan Brock da Universidade Brown, um dos autores do relatório, "os países em desenvolvimento correm o risco de não ter acesso aos benefícios da pesquisa genética, assim como ficaram à margem da revolução informática nos anos 80 e 90".
 

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