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17/05/2002 - 06h57

Artigo: José Reis e a Fapesp

JOSÉ FERNANDO PEREZ
especial para a Folha de S.Paulo

O artigo 123 da Constituição Estadual de 1947 estabelecia que o amparo à pesquisa seria propiciado pelo Estado, por intermédio de uma fundação. Conquanto a inscrição desse princípio na lei maior deva ser celebrada como um passo importante na trajetória histórica da Fundação, longos 15 anos decorreram até que, em 23 de maio de 1962, fosse instituída por decreto assinado pelo Governador Carvalho Pinto, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp.

Nesses quinze anos, houve uma intensa reflexão associada acompanhada de uma grande ansiedade pela lentidão da evolução do processo. Em artigo na "Folha da Noite" publicado em 13 de janeiro de 1949, José Reis perguntava: "Onde está a Fundação?". Esse artigo é apenas uma de toda uma série de reflexões registradas desde 1945 sobre como o Estado apoiaria a pesquisa em São Paulo.

Em 1955, José Reis sumarizou essa reflexão em longo artigo publicado na revista Anhembi com o título "Fundação de Amparo à Pesquisa". Nesse texto, ao reconsiderar todo o processo histórico ainda em curso, ele aproveita para estabelecer o que considerava princípios fundamentais que deveriam nortear o funcionamento da Fundação. A começar pelo seu Conselho Superior: "E nada de Conselho numeroso. Seria isso aumentar o número de pontos fracos expostos à pressão dos grupos de interesses. Todo o segredo está em reunir um punhado de homens sinceros de dentro e de fora da ciência". Assim estabelece a lei que criou a Fundação.

"Amparo à pesquisa", para J. Reis, é em si sinônimo de compreensão da pesquisa. A Fapesp tem um compromisso inarredável com a sistemática de avaliação pelos pares. Da mesma forma, recomendava que "a Fundação estabeleça como norma rígida a prestação de contas daqueles a quem beneficia". Todo pesquisador que recebe apoio da Fundação está contratualmente obrigado a apresentar a relatórios periódicos descrevendo os resultados obtidos e comprovando os gastos.

Nesse mesmo artigo de 1955, a atualidade de sua concepção de amparo à pesquisa se destaca quando expressa sua preocupação com a necessidade de formar novos pesquisadores.

As sábias palavras de José Reis —que, ironicamente, nunca exerceu nenhum cargo ou função na Fapesp— nos fazem sentir a grandeza do desafio de manter a Fundação fiel aos princípios estabelecidos antes mesmo de sua institucionalização.

José Fernando Perez, professor do Instituto de Física da USP, é diretor científico da Fapesp

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