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12/07/2002
-
23h31
da Folha Ribeirão
Pesquisadores da Unesp de Jaboticabal (344 km a noroeste de São Paulo) aguardam para a manhã de amanhã o resultado de um teste de DNA que confirmaria que uma bezerra gerada na universidade é o primeiro clone feito no país a partir de uma célula adulta —como a ovelha Dolly, em 1997.
Nas duas experiências de clonagem animal anteriores, Vitória (da Embrapa de Brasília) e Marcolino (da USP de São Paulo), os animais foram gerados, respectivamente, a partir de células embrionária e fetal, processos considerados mais simples.
Penta, nome dado à bezerra de Jaboticabal em homenagem à conquista da seleção brasileira de futebol, nasceu de uma cesariana às 11h de ontem, após um esforço de dois anos de 25 cientistas.
Segundo o professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal Joaquim Mansano Garcia, chefe da pesquisa, além da utilização de uma célula de animal adulto, a experiência utiliza um método inédito no país: a ativação do embrião com cloreto de estrôncio. "Essa droga deixa a ativação mais próxima da fisiológica."
Nas clonagens brasileiras anteriores, assim como com Dolly, as ativações ocorreram com ionomicina e 6DMAP, enzimas bloqueadoras de síntese protéica.
Ainda segundo Garcia, além do aprimoramento da técnica da clonagem, o estudo visa ao melhoramento genético animal e ao estudo de doenças humanas degenerativas, como mal de Alzheimer.
Além da Unesp de Jaboticabal, grupos da USP de Ribeirão Preto e Pirassununga (onde está sendo feito o exame de DNA) também participam da experiência.
Risco
Até o final da tarde de hoje, Penta corria risco de morrer, devido a uma complicação no parto.
De acordo com Garcia, o animal engoliu água da placenta e contraiu pneumonia. "O prazo de recuperação é de 72 horas e acreditamos que ela vá suportar. Hoje ela já caminhou e isso é um bom sinal", afirmou.
Penta nasceu com 42 quilos, peso superior à média de uma animal normal —que varia entre 35 e 38 quilos. A cesariana foi feita porque a vaca mãe não tinha contrações, mesmo no prazo máximo da gestação. O atraso no parto e o sobrepeso são características dos animais clonados que ainda não têm explicação precisa.
O núcleo do material genético da Penta foi retirado de uma vaca entre 15 e 16 anos da raça nelore. O óvulo foi retirado de uma vaca de abatedouro, sem identificação. A "mãe de aluguel", ou receptora, é uma vaca mestiça holandesa.
Na pesquisa, foram utilizados 19 embriões e 15 vacas. Algumas receberam mais de um embrião. A "mãe de aluguel" da bezerra recebeu dois embriões, mas apenas um resistiu. "Eles morreram entre 35 e 75 dias de implantação. A mortalidade é bem maior que na gestação normal, o que também não sabemos explicar", afirmou.
Além de Garcia, participam do estudo os estudantes Walt Yamazaki, Simone Cristina Méo e Cristina Ramires Ferreira. O chefe das pesquisas de Pirassununga é o professor de anatomia e fisiologia Flávio Vieira Meirelles.
Unesp pode ter o 1º clone a partir de uma célula adulta no país
ROGÉRIO PAGNANda Folha Ribeirão
Pesquisadores da Unesp de Jaboticabal (344 km a noroeste de São Paulo) aguardam para a manhã de amanhã o resultado de um teste de DNA que confirmaria que uma bezerra gerada na universidade é o primeiro clone feito no país a partir de uma célula adulta —como a ovelha Dolly, em 1997.
Nas duas experiências de clonagem animal anteriores, Vitória (da Embrapa de Brasília) e Marcolino (da USP de São Paulo), os animais foram gerados, respectivamente, a partir de células embrionária e fetal, processos considerados mais simples.
Penta, nome dado à bezerra de Jaboticabal em homenagem à conquista da seleção brasileira de futebol, nasceu de uma cesariana às 11h de ontem, após um esforço de dois anos de 25 cientistas.
Segundo o professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal Joaquim Mansano Garcia, chefe da pesquisa, além da utilização de uma célula de animal adulto, a experiência utiliza um método inédito no país: a ativação do embrião com cloreto de estrôncio. "Essa droga deixa a ativação mais próxima da fisiológica."
Nas clonagens brasileiras anteriores, assim como com Dolly, as ativações ocorreram com ionomicina e 6DMAP, enzimas bloqueadoras de síntese protéica.
Ainda segundo Garcia, além do aprimoramento da técnica da clonagem, o estudo visa ao melhoramento genético animal e ao estudo de doenças humanas degenerativas, como mal de Alzheimer.
Além da Unesp de Jaboticabal, grupos da USP de Ribeirão Preto e Pirassununga (onde está sendo feito o exame de DNA) também participam da experiência.
Risco
Até o final da tarde de hoje, Penta corria risco de morrer, devido a uma complicação no parto.
De acordo com Garcia, o animal engoliu água da placenta e contraiu pneumonia. "O prazo de recuperação é de 72 horas e acreditamos que ela vá suportar. Hoje ela já caminhou e isso é um bom sinal", afirmou.
Penta nasceu com 42 quilos, peso superior à média de uma animal normal —que varia entre 35 e 38 quilos. A cesariana foi feita porque a vaca mãe não tinha contrações, mesmo no prazo máximo da gestação. O atraso no parto e o sobrepeso são características dos animais clonados que ainda não têm explicação precisa.
O núcleo do material genético da Penta foi retirado de uma vaca entre 15 e 16 anos da raça nelore. O óvulo foi retirado de uma vaca de abatedouro, sem identificação. A "mãe de aluguel", ou receptora, é uma vaca mestiça holandesa.
Na pesquisa, foram utilizados 19 embriões e 15 vacas. Algumas receberam mais de um embrião. A "mãe de aluguel" da bezerra recebeu dois embriões, mas apenas um resistiu. "Eles morreram entre 35 e 75 dias de implantação. A mortalidade é bem maior que na gestação normal, o que também não sabemos explicar", afirmou.
Além de Garcia, participam do estudo os estudantes Walt Yamazaki, Simone Cristina Méo e Cristina Ramires Ferreira. O chefe das pesquisas de Pirassununga é o professor de anatomia e fisiologia Flávio Vieira Meirelles.
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