Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/08/2002 - 06h17

Grupo obtém hidrogênio a partir de açúcar

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Quem iria querer transformar qualquer coisa em ouro se pudesse converter açúcar em hidrogênio puro? Um trio de engenheiros químicos da Universidade de Wisconsin, nos EUA, diz ter esse "toque de Midas" da era moderna, um meio de produzir o combustível com potencial para resgatar a humanidade de sua dependência do petróleo usando nada mais que biomassa.

Há tempos o hidrogênio promete uma revolução na produção e distribuição de energia. O problema é a sua obtenção, já que ele não está disponível naturalmente em forma pura (a não ser que alguém pretenda fazer uma visita ao Sol ou a alguma nebulosa).

A forma mais óbvia de obter hidrogênio é a partir de água, composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Aplica-se eletricidade e a molécula é quebrada, resultando em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2).

Mas já diz o ditado, "quando a esmola é muita, o santo desconfia". Gasta-se mais energia criando o hidrogênio do que ele pode fornecer depois, ao ser utilizado.

Uma alternativa mais barata e eficiente é obter hidrogênio quebrando as moléculas de hidrocarbonetos que compõem os combustíveis fósseis. Mas isso emite um monte de gás carbônico e outros gases-estufa, além de sustentar a dependência do petróleo. Em suma, não resolve nada.

É nesse contexto que entra a inovação de Wisconsin, relatada na edição de hoje da revista "Nature" (www.nature.com). Usando um catalisador (substância que acelera uma reação química) de platina, eles conseguiram colocar de um lado glicose e obter de outro hidrogênio, gás carbônico e pequenas quantidades de metano. Até aí, nada demais, pode-se concluir, pois continua a emissão de gás carbônico e do terrível metano (um gás-estufa ainda mais poderoso que o CO2).

Acontece que não é bem assim. "A geração de hidrogênio é amigável para o ambiente", justifica James Dumesic, um dos criadores da nova técnica. "O dióxido de carbono é emitido, mas a biomassa de plantas que foram cultivadas para a produção de hidrogênio vai armazenar o gás carbônico liberado no ano anterior."

O princípio é o mesmo que justifica a produção de carros a álcool. Usa-se cana para produzir etanol, emite-se gás carbônico, mas a plantação que no ano seguinte vai fazer mais etanol absorve gás carbônico por fotossíntese, criando um ciclo equilibrado.

"Quanto ao metano", continua Dumesic, "esperamos que ele seja queimado para produzir o calor que alimentaria o reator. Ele não seria liberado na atmosfera."

A grande pergunta que fica é: se o álcool já serve tão bem como combustível limpo e renovável, para que investir em hidrogênio? Dumesic também tem a resposta para isso. "O etanol é obtido pela fermentação de açúcares específicos, como glicose. Esperamos que nossa técnica opere em açúcares que são difíceis de converter por fermentação. Conversão de biomassa em etanol e em H2 pode ser uma boa combinação."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página