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03/09/2002
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05h36
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Johannesburgo
Johannesburgo teve ontem seu grande momento de Fórum Social Mundial. Numa reunião dominada por conversas monotônicas sobre comércio e finanças, os presidentes da Venezuela, da Namíbia e do Zimbábue discursaram contra o colonialismo, a globalização e a própria ONU.
O venezuelano Hugo Chávez, atual presidente do G-77 (bloco das nações pobres), fez suas críticas habituais ao neoliberalismo e ao FMI. Segundo ele, deveria ser criado um Fundo Humanitário Internacional em vez do Fundo Monetário Internacional.
Chávez propôs que 10% dos orçamentos militares dos países fossem usados para um fundo de combate às desigualdades.
Sam Nujoma, da Namíbia, pôs o dedo na maior ferida recente da diplomacia africana: o conflito entre Zimbábue e Reino Unido.
Nujoma expressou o apoio de seu país à reforma agrária radical feita pelo presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que simplesmente expulsou os colonos brancos —de origem britânica— das fazendas para distribuí-las aos sem-terra negros.
Apontando o dedo para Tony Blair, na platéia, ele lembrou os tempos do tráfico de escravos na África: "Vocês, ingleses, cometem um crime e esquecem facilmente. Mas as vítimas não conseguem esquecer", disse.
Mugabe, considerado pela imprensa sul-africana a maior personalidade da conferência, foi ainda mais longe. Falando pela primeira vez fora de seu país desde que começou a prender fazendeiros brancos, no início do mês, ele acusou os países ricos de sequestrar as Nações Unidas.
"O poder econômico é desigual entre Norte e Sul, mas também em instituições como a ONU."
O grande alvo de Mugabe foi mesmo Tony Blair. "Nós não estamos ameaçando ninguém. As operações de Blair são uma interferência artificial nos nossos assuntos domésticos. Lutamos por nossa terra e nossa independência e estamos preparados para derramar nosso sangue para mantê-la." E continuou: "Blair, fique com a sua Inglaterra. Deixe-me ficar com o meu Zimbábue."
Leia mais no especial Rio +10
Mugabe, Nujoma e Chávez vão ao ataque
CLAUDIO ANGELOEnviado especial da Folha de S.Paulo a Johannesburgo
Johannesburgo teve ontem seu grande momento de Fórum Social Mundial. Numa reunião dominada por conversas monotônicas sobre comércio e finanças, os presidentes da Venezuela, da Namíbia e do Zimbábue discursaram contra o colonialismo, a globalização e a própria ONU.
O venezuelano Hugo Chávez, atual presidente do G-77 (bloco das nações pobres), fez suas críticas habituais ao neoliberalismo e ao FMI. Segundo ele, deveria ser criado um Fundo Humanitário Internacional em vez do Fundo Monetário Internacional.
Chávez propôs que 10% dos orçamentos militares dos países fossem usados para um fundo de combate às desigualdades.
Sam Nujoma, da Namíbia, pôs o dedo na maior ferida recente da diplomacia africana: o conflito entre Zimbábue e Reino Unido.
Nujoma expressou o apoio de seu país à reforma agrária radical feita pelo presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que simplesmente expulsou os colonos brancos —de origem britânica— das fazendas para distribuí-las aos sem-terra negros.
Apontando o dedo para Tony Blair, na platéia, ele lembrou os tempos do tráfico de escravos na África: "Vocês, ingleses, cometem um crime e esquecem facilmente. Mas as vítimas não conseguem esquecer", disse.
Mugabe, considerado pela imprensa sul-africana a maior personalidade da conferência, foi ainda mais longe. Falando pela primeira vez fora de seu país desde que começou a prender fazendeiros brancos, no início do mês, ele acusou os países ricos de sequestrar as Nações Unidas.
"O poder econômico é desigual entre Norte e Sul, mas também em instituições como a ONU."
O grande alvo de Mugabe foi mesmo Tony Blair. "Nós não estamos ameaçando ninguém. As operações de Blair são uma interferência artificial nos nossos assuntos domésticos. Lutamos por nossa terra e nossa independência e estamos preparados para derramar nosso sangue para mantê-la." E continuou: "Blair, fique com a sua Inglaterra. Deixe-me ficar com o meu Zimbábue."
Leia mais no especial Rio +10
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