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Principal negacionista da relação entre HIV e Aids é investigado por má conduta
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da Reportagem Local
O principal negacionista da relação entre o vírus HIV e a Aids, Peter Duesberg, está sendo investigado por má conduta científica pela Universidade da Califórnia em Berkeley, onde ele é professor de biologia molecular e celular.
O próprio Duesberg revelou a existência do inquérito ao "ScienceInsider", a seção de notícias sobre política científica da revista "Science". Segundo Duisberg, é a primeira vez que ele é alvo de uma investigação desse tipo. Segundo o "ScienceInsider", um ativista dos direitos dos portadores pode ter ajudado a iniciar a investigação.
Desde os anos 1980 Peter Duesberg é uma figura maldita na virologia. Sem formação específica na área, ele começou a negar o elo entre o HIV e a Aids assim que o vírus foi identificado, em 1984, pelos grupos de Luc Montagnier e Robert Gallo (Montagnier levaria o Nobel de Medicina pela façanha em 2008). Para Duesberg, a Aids era uma "síndrome química", causada pelo uso persistente de drogas e pela desnutrição (leia aqui uma entrevista surreal que o bioquímico concedeu em 2000 à revista "Superinteressante" explicando sua visão).
No fim da década passada, suas ideias foram usadas como argumento pelo então presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, para cortar a distribuição do oneroso coquetel antiaids para a população do país _que tem uma das prevalências de Aids mais altas do mundo.
O inquérito da Universidade da Califórnia diz respeito a um artigo publicado por Duesberg e quatro colegas no periódico "Medical Hypotheses" negando mais uma vez o elo entre vírus e doença e questionando um estudo de 2008 que atribuía centenas de milhares de mortes por Aids à demora do governo em distribuir o coquetel. Segundo o "ScienceInsider", a Elsevier, que publica o periódico retratou (anulou) o artigo de Duesberg a pedido de virologistas e mandou seu editor implementar uma revisão ("peer review") do estudo ou pedir demissão.
A universidade recebeu reclamações sobre o artigo, uma delas de Nathan Geffen, da ONG sul-africana Treatment Action Campaign. Ele diz que um dos coautores de Duesberg, David Rasnick, trabalhou com o dono de uma empresa de vitaminas, que alega que estas são um tratamento eficaz para a Aids e não os antirretrovirais e não revelou o conflito de interesse no artigo.
Segundo Duesberg, como a colaboração é muito antiga, não há conflito de interesse. "Isso é claramente um movimento para se livrar de qualquer dissenso sobre a hipótese do HIV-Aids", declarou.
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