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19/09/2002
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07h28
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Águas de Lindóia
Ninguém duvida de que o milho cultivado hoje virou planta doméstica em algum lugar do México. O que pouca gente imaginaria é que os índios brasileiros podem ter aprendido a arte de cultivar a planta diretamente com seus colegas agricultores da América do Norte e da América Central, e não com as populações dos Andes.
A tese é de um pesquisador da Embrapa que analisou o DNA de sementes antigas e modernas de milho plantadas pelos índios das Américas. O estudo revelou que o milho plantado aqui tinha parentes próximos entre os mexicanos, mas nada do tipo nos Andes.
Fábio de Oliveira Freitas, 33, agrônomo da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, apresentou os resultados da análise no 48º Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia (SP). "Assumia-se que existia uma influência andina, mas não dá para ver isso nas amostras que nós estudamos", disse o pesquisador.
Freitas examinou grãos com idade entre mil e 500 anos encontrados em sítios arqueológicos do norte de Minas Gerais. Também foi esmiuçado o DNA de grãos plantados por índios contemporâneos na região do Xingu e nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
A análise levou em conta uma região do gene Adh2. As variantes nesse trecho de DNA, já bem conhecidas, são três. O milho mexicano inclui representantes das três formas, enquanto nos Andes só se encontra o tipo GAn (também chamado de tipo simples). Acontece que o milho nativo do Brasil só tem representantes dos tipos complexos, de origem mexicana —sem intermediários incas.
"O milho teria sido domesticado primeiro para regiões de terras altas no México, vindo depois para os Andes há 5.000 anos.". Esse cultivo de montanha jamais daria certo no Brasil, e por isso teria sido necessária outra adaptação, ou nova domesticação do teosinto, ancestral selvagem do milho.
Ainda é difícil dizer se a chegada da planta ocorreu graças a migrações. Para investigar a hipótese, Freitas quer descobrir agora qual foi a rota seguida pelo milho.
Milho chegou ao Brasil do México, diz DNA
REINALDO JOSÉ LOPESEnviado especial da Folha de S.Paulo a Águas de Lindóia
Ninguém duvida de que o milho cultivado hoje virou planta doméstica em algum lugar do México. O que pouca gente imaginaria é que os índios brasileiros podem ter aprendido a arte de cultivar a planta diretamente com seus colegas agricultores da América do Norte e da América Central, e não com as populações dos Andes.
A tese é de um pesquisador da Embrapa que analisou o DNA de sementes antigas e modernas de milho plantadas pelos índios das Américas. O estudo revelou que o milho plantado aqui tinha parentes próximos entre os mexicanos, mas nada do tipo nos Andes.
Fábio de Oliveira Freitas, 33, agrônomo da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, apresentou os resultados da análise no 48º Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia (SP). "Assumia-se que existia uma influência andina, mas não dá para ver isso nas amostras que nós estudamos", disse o pesquisador.
Freitas examinou grãos com idade entre mil e 500 anos encontrados em sítios arqueológicos do norte de Minas Gerais. Também foi esmiuçado o DNA de grãos plantados por índios contemporâneos na região do Xingu e nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
A análise levou em conta uma região do gene Adh2. As variantes nesse trecho de DNA, já bem conhecidas, são três. O milho mexicano inclui representantes das três formas, enquanto nos Andes só se encontra o tipo GAn (também chamado de tipo simples). Acontece que o milho nativo do Brasil só tem representantes dos tipos complexos, de origem mexicana —sem intermediários incas.
"O milho teria sido domesticado primeiro para regiões de terras altas no México, vindo depois para os Andes há 5.000 anos.". Esse cultivo de montanha jamais daria certo no Brasil, e por isso teria sido necessária outra adaptação, ou nova domesticação do teosinto, ancestral selvagem do milho.
Ainda é difícil dizer se a chegada da planta ocorreu graças a migrações. Para investigar a hipótese, Freitas quer descobrir agora qual foi a rota seguida pelo milho.
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