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02/10/2002 - 15h45

Ciências exatas surgiram para auxiliar administração de Estados

da France Presse, em Berlim

Cientistas alemães chegaram à conclusão de que a origem mais remota das ciências exatas não se deve a estudos da humanidade sobre fenômenos mecânicos e astronômicos, como se pensava até agora, mas à necessidade de administrar Estados e territórios.

Os estudos foram dirigidos pelo matemático e pesquisador Peter Damerow, do Instituto Max Planck de História das Ciências. Entre sua equipe está a historiadora boliviana Carmen Beatriz Loza, que decifrou os quipos incas --cordas amarradas com as quais os índios do Peru supriam a falta de escritura-- pertencentes à coleção do Museu Etnográfico de Berlim, a mais importante da Europa.

"Um dos resultados mais surpreendentes da pesquisa sobre as origens da ciência provavelmente mais antiga da humanidade, as 'matemáticas babilônicas', é a revelação de que não surgiu de experiências técnicas ou da astronomia, como se afirma em geral, mas da administração", afirmou Damerow.

A pesquisa está compreendida dentro de um amplo e complexo projeto de longo prazo dirigido pelo professor Juergen Renn, do Instituto Max Planck de História das Ciências, dedicado a entender melhor os processos históricos que incidiram nas mudanças estruturais ocorridas nos sistemas de conhecimento da humanidade.

Uma das questões centrais neste estudo é "como o homem chegou ao conceito do número, ao sistema númerico, à noção de quantidade, ao pensamento quantitativo, à aritmética", explicou Damerow.

Assim como na Babilônia, os desafios assumidos pela administração do império inca, nas regiões andinas, demonstraram ser uma força motora para o desenvolvimento do pensamento quantitativo em estreita conexão com a elaboração de complicados sistemas de representação, como as tabuletas com textos cuneiformes nas civilizações mesopotâmicas e o uso dos quipos na civilização inca.

O objetivo do projeto do Instituto Max Planck, com sede em Berlim, compreende a reconstrução das estruturas cognitivas centrais do pensamento científico, o estudo da dependência dessas estruturas de sua base experimental e de suas condições culturais, e o estudo da interação entre o pensamento individual e os sistemas de conhecimento institucionalizados.

Boa parte das provas históricas e etnográficas utilizadas agora como ponto de partida para a reconstrução do significado e do uso dos quipus foram compiladas no século 19 por arqueólogos e etnógrafos, como os alemães Max Uhle (1856-1944) e Adolf Bastian (1826-1905).

Entre os documentos cuneiformes mais antigos estudados por Damerow se encontram também as tabuletas administrativas da denominada Casa da Muller, um grande estabelecimento agrário da cidade-Estado de Lagash, no sul da Mesopotâmia, que datam do século 24 a.C.

O texto mais antigo da humanidade, conservado no Museu de História do Oriente de Berlim, é uma tabuleta de barro com escritura cuneiforme de 4.500 anos, que contém uma antiquísima receita suméria de cerveja.
 

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