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18/11/2002 - 17h32

Buraco negro caminha em direção ao Sistema Solar

CRISTINA AMORIM
da Folha Online

Um buraco negro está se movimentando na Via Láctea, carregando consigo uma velha estrela e seguindo em direção à Terra. A notícia foi divulgada hoje por astrônomos europeus, mas não há motivo para pânico: ele vai demorar 200 milhões de anos para aproximar-se do Sistema Solar, quando deve passar a mil anos-luz do Sol.

ESA/Nasa/Felix Mirabel
Concepção artística do buraco negro GRO J1655-40, que "caminha" pela Via Láctea em direção da Terra

O buraco negro, conhecido como GRO J1655-40, se desloca pela espiral da Via Láctea na constelação de Escorpião a 400 mil quilômetros por hora, quatro vezes mais rápido do que as estrelas naquela região. Neste momento, ele está entre 6.000 e 9.000 anos-luz de distância --um ano-luz equivale a 10 trilhões de quilômetros.

Segundo os cientistas, essa estrutura cósmica foi criada quando uma estrela várias vezes maior do que o Sol explodiu, criando uma supernova.

Há tipos diferentes de buracos negros. O mais conhecido é o super-massivo, que possui milhões de vezes a massa do Sol e costumam ficar no centro de galáxias. O GRO J1655-40 é do tipo estelar, com uma massa poucas vezes maior que a do Sol.

Os buracos negros são estruturas com atração gravitacional tão forte que nem a luz escapa deles. Eles não podem ser vistos, mas podem ser detectados pela turbulência que geram ao redor.

Neste caso, o telescópio espacial Hubble conseguiu seguir a estrela que acompanha o buraco negro e que está sendo rapidamente engolida conforme avança pela galáxia. A estrela que o acompanha dá uma volta sobre si mesma a cada 2,6 dias. Aparentemente, ela sobreviveu à explosão da estrela que deu origem ao buraco negro, mas está agonizando.

Movimentação
O movimento do GRO J1655-40 se deve ao impulso obtido na explosão da estrela, conforme explicou o pesquisador brasileiro Irapuan Rodrigues, que participou do estudo, à Folha Online. "Ao contrário do que se poderia pensar, nada no Universo é estático", afirma Rodrigues.

"Antes de implodir e se transformar em buraco negro, a estrela possuía um movimento orbital em torno do centro da Via Láctea, como fazem as estrelas em geral", explicou. "No momento da supernova, a explosão pode fornecer um impulso a mais."

Este é apenas o segundo buraco negro encontrado a tamanha velocidade, segundo o astrônomo Felix Mirabel, que descobriu o primeiro buraco negro "ambulante": o XTE J1118+480. Sua pesquisa, porém, foi publicada no dia 13 de setembro de 2001 na revista "Nature" e acabou sendo ofuscada pelos atentados de dois dias antes contra Nova York e Washington.

O buraco negro não deve afetar o Sistema Solar, assim como a chance de ocorrer uma tragédia na Terra é pequena, devido à distância pela qual o buraco negro deve passar.

"A possibilidade de um episódio catastrófico na Terra por causa de buracos negros a grande velocidade é quase zero, em comparação com a probabilidade de um evento catastrófico causado por asteróides ou cometas", afirmou Mirabel.

O resultado das observações do GRO J1655-40 será publicado na próxima edição da revista "Astronomy & Astrophysics"
(www.edpsciences.fr/aa).

Com agências internacionais

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