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27/11/2002 - 16h07

Tecnologia já possibilita transplante de rosto, diz médico

da Folha Online

Transplantes totais de rosto não são mais ficção científica, disse um importante cirurgião na quarta-feira. Eles são tecnicamente possíveis, mas complexos do ponto de vista científico.

Peter Butler, do Hospital Royal Free, em Londres, pediu um debate sobre a ética desse tipo de operação, que seria possível com o uso de novas drogas que evitam que o sistema imunológico do corpo rejeite o rosto transplantado.

"A questão não é 'podemos fazer isso?', mas 'devemos fazer isso?"', disse Butler à BBC. "A parte técnica não é complexa, não acho que essa será a maior dificuldade. O debate ético e moral obviamente terá de acontecer antes do primeiro transplante facial."

A Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos organiza seu encontro de inverno e irá discutir o procedimento microcirúrgico. Com o transplante facial, pacientes desfigurados por acidentes, queimaduras ou câncer poderiam receber pele, ossos, nariz, queixo, lábios e orelhas novos de doadores mortos.

Os cirurgiões, no entanto, poderiam enfrentar problemas para encontrar doadores suficientes. Uma pesquisa realizada por Butler com médicos, enfermeiros e membros da sociedade mostrou que a maioria aceitaria um transplante facial, mas poucos doariam a própria face após a morte.

O especialista disse que uma das técnicas possíveis envolveria o transplante de um "envelope externo" de gordura, pele e vasos sanguíneos em ossos existentes, deixando os pacientes com muitas das próprias características.

Para que o transplante funcione, os nervos que controlam sentimentos e movimentos teriam de ser unidos com sucesso. Além disso, os avanços de medicamentos imuno-supressores para evitar reações aos tecidos transplantados aumentariam as chances de sucesso do procedimento.

Apesar de preocupações éticas, Christine Piff, que fundou a organização Let's Face It após sofrer um câncer facial raro há 25 anos, recebeu a notícia da possibilidade de transplantes faciais com otimismo.

Ela rejeitou a idéia de que o procedimento significaria que as pessoas viveriam com o rosto de uma pessoa que já morreu.

"Há tantas pessoas sem rostos. Eu tenho metade do rosto. Mas somos muito mais do que só um rosto. Não se pode tirar a personalidade", disse. "Se você pode doar outros órgãos do corpo, por que não o rosto? Não vejo nada de errado com isso."

No entanto, Butler admite que uma pesquisa de opinião com médicos, enfermeiros e leigos levantou algumas graves preocupações sobre os transplantes faciais.

"Enquanto as pessoas, em geral, aceitariam receber o transplante de rosto se precisassem, elas não gostariam de ser doadoras", explicou. "No fim das contas, acho que tecnicamente, seremos capazes de fazer isso nos próximos seis a nove meses", completou o médico.

Ele diz que transplantes faciais levantam questões diferentes de outros transplantes, como rins ou coração, mas lembra que quando eles foram feitos pela primeira vez, houve resistências que foram quebradas mais tarde.

Com agências internacionais
 

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