Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/12/2002 - 02h41

RNA binário pode ter sido origem da vida

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

A dupla não ousa afirmar que foi assim que aconteceu, mas John Reader e Gerald Joyce, do The Scripps Research Institute, em La Jolla, Califórnia (EUA), acabam de demonstrar que a vida pode ter surgido a partir de moléculas de RNA codificadas como os programas de computador _em simples linguagem binária.

A idéia de que o RNA (ácido ribonucléico), o "primo pobre" do DNA (ácido desoxirribonucléico), foi o responsável pelo surgimento dos primeiros seres vivos já circula há várias décadas. É a chamada hipótese do "mundo de RNA", que aposta tudo na versatilidade dessas moléculas.

Ao contrário do famoso e sofisticado DNA, com sua fita dupla em forma de escada torcida, o RNA é composto por uma única sequência de "letras". E essa simplicidade se traduz em atitude.

Diferentemente do pomposo DNA, que se contenta com a função de ser o guardião da informação genética dos organismos, o RNA é muito mais ativo no metabolismo celular. Além de transmitir informações provenientes do DNA, ele até atua em reações químicas, uma função normalmente delegada a proteínas _as substâncias criadas a partir das receitas contidas no material genético.

Daí a aposta no "mundo de RNA". Mas ainda havia um problema com essa hipótese. A citosina, uma das "letras" do RNA (e do DNA), é instável e pode até ter faltado no caldo primordial em que a vida primeiro floresceu. Há quase 40 anos, Francis Crick (um dos decifradores da estrutura da molécula de DNA, junto com James Watson) propôs que as moléculas primordiais de RNA não teriam quatro bases, mas duas.

Faltava provar que uma molécula assim servia. Foi o que fizeram Reader e Joyce. Eles partiram de uma molécula de RNA conhecida, capaz de agir na catalisação (aceleração) de uma reação química. Foram alterando-a até que tivesse só duas bases.

"Apesar de ter apenas duas bases, ela continha informação suficiente para causar a catálise", diz Reader. O estudo da dupla saiu publicado na revista "Nature".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página