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26/12/2002 - 08h21

Proteína pode controlar espermatozóide

RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Uma eficaz "pílula do homem" pode estar escondida dentro do seus próprio aparelho reprodutivo. Cientistas na França e no Japão descobriram uma proteína em testículos de camundongos capaz de impedir a maturação dos espermatozóides. Estudos para elucidar o papel de proteínas como essa na produção dos espermatozóides poderão ajudar tanto no desenvolvimento de métodos contraceptivos em homens quanto na solução de problemas específicos de infertilidade.

A descoberta foi feita pela equipe de Betina Macho e Paolo Sassone-Corsi, do Instituto de Genética e Biologia Molecular e Celular, em Estrasburgo (França), em colaboração com cientistas da Universidade de Tóquio. Saiu na última edição da revista "Science" (www.sciencemag.org).

Para surpresa dos cientistas, a nova proteína pertence a uma classe, a das cinesinas, especializada em transporte de material nas células, verdadeiras "estivadoras" celulares. As cinesinas são capazes de carregar elementos como vesículas, organelas ou complexos com várias proteínas.

A nova cinesina foi batizada de KIF17b, por ser semelhante a uma que existe no cérebro, a KIF17. A descoberta parece indicar uma nova função reguladora para esse tipo de proteína. A KIF17b é expressada (produzida) em grande quantidade nas células germinativas masculinas, que darão origem aos futuros espermatozóides.

A formação das células reprodutivas masculinas ocorre constantemente. Essa "espermatogênese" pode estar prejudicada em certos casos de infertilidade. Estudos anteriores haviam mostrado que problemas como a morte das células, ou sua malformação, estão ligadas à não-produção da proteína CREM nos testículos.

A espermatogênese depende da interação de duas proteínas, a CREM e a ACT, no núcleo das espermátides, as células germinativas que darão origem aos espermatozóides ao amadurecer. A ACT é expressada apenas nas espermátides. Os cientistas descobriram agora que a cinesina KIF17b é quem comanda o posicionamento da ACT em lugares específicos da célula durante a maturação do espermatozóide.

Eles notaram que, se houver uma produção excessiva da cinesina, a ACT não consegue entrar no núcleo celular, e a CREM se torna inativa. Se a quantidade da KIF17b volta ao normal, a CREM reinicia sua atividade, e a formação de espermatozóides retorna.

Quando se retira o gene responsável pela CREM de um camundongo, vários outros ligados à espermatogênese são afetados também. Por exemplo, os genes que contribuem para compactar a "cabeça" do espermatozóide. Outro efeito notado foi impedir a espermátide de desenvolver a cauda do espermatozóide, tornando a célula incapaz de se movimentar.

Como a CREM também é expressada nas glândulas pituitária e pineal, a equipe de Macho ainda não tem claro se a infertilidade em camundongos sem o gene se deve apenas às interações no testículo ou se a sua função nessas glândulas estaria igualmente envolvida.
 

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