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25/03/2003
-
09h53
da Folha de S.Paulo
Um motor a diesel modificado para funcionar alimentado por óleo vegetal promete ser uma alternativa mais saudável, do ponto de vista ambiental, e viável, do ponto de vista econômico, para levar eletricidade a comunidades afastadas da região amazônica. É o que prometem pesquisadores do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa) da USP.
O equipamento foi adaptado para operar queimando óleo de palma, um produto que em tese é mais caro do que o combustível tradicional, mas oferece disponibilidade muito maior na floresta e acaba saindo mais em conta do que transportar litros e litros de diesel até as áreas mais isoladas.
O protótipo do motor está em fase final de teste e deve ser levado no início do mês que vem para a Vila Soledade, uma pequena comunidade de cem famílias no município de Moju, a 120 km de Belém, no Pará. Lá o sistema deve operar pelo menos até o fim do ano, experimentalmente.
Se a proposta mostrar resultados positivos, a idéia é levar o mesmo modelo de produção de energia a outras vilas isoladas da Amazônia. "Nós queremos que essas comunidades tenham acesso aos benefícios que a eletricidade traz", diz Orlando Cristiano, pesquisador "quase brasileiro" do Cenbio e coordenador do projeto -nascido em Guiné-Bissau, ele já está há cerca de 20 anos no país.
O projeto, custeado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) com verba do Fundo Setorial de Energia Elétrica, não parte de uma premissa revolucionária. Em comunidades isoladas, o cabeamento para levar eletricidade é uma opção inviável. Resta apenas a produção local de energia, com o uso de motores tradicionais.
Isso é o que em geral já acontece, mas com motores a diesel. Esses equipamentos consagrados apresentam dois inconvenientes: além de exigirem o transporte do diesel até o local do uso, em quantidades significativas, também fazem uso de um combustível não-renovável, derivado de petróleo.
O modelo não dispensa totalmente o diesel, mas radicaliza na economia do combustível. "Numa operação de seis horas, com o motor convencional, você gastaria uns 120 litros de óleo diesel. Com as modificações, você só precisa de 10 litros", diz.
O diesel ainda é necessário na hora de ligar o motor, para aquecê-lo até o ponto em que pode queimar o óleo de palma com eficiência. No desligamento, ele também é útil para promover a limpeza dos sistemas internos.
Embora o recurso do óleo de palma seja adequado ao ambiente amazônico, não basta plantar para obter o combustível --é preciso beneficiá-lo numa região próxima. O projeto inclui uma parceria com a Agropalma, companhia do Pará que já se comprometeu a fornecer 40 mil litros de óleo de palma para alimentar o motor até o final do ano. Depois disso, a empresa pretende comprar a produção de pequenas plantações locais e processá-la.
Até agora, o projeto consumiu R$ 449 mil. "Claro, isso inclui os estudos. Se formos implantar depois em outra comunidade, o custo vai ser menor", diz Cristiano.
Óleo de palma vira energia elétrica na Amazônia
SALVADOR NOGUEIRAda Folha de S.Paulo
Um motor a diesel modificado para funcionar alimentado por óleo vegetal promete ser uma alternativa mais saudável, do ponto de vista ambiental, e viável, do ponto de vista econômico, para levar eletricidade a comunidades afastadas da região amazônica. É o que prometem pesquisadores do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa) da USP.
O equipamento foi adaptado para operar queimando óleo de palma, um produto que em tese é mais caro do que o combustível tradicional, mas oferece disponibilidade muito maior na floresta e acaba saindo mais em conta do que transportar litros e litros de diesel até as áreas mais isoladas.
O protótipo do motor está em fase final de teste e deve ser levado no início do mês que vem para a Vila Soledade, uma pequena comunidade de cem famílias no município de Moju, a 120 km de Belém, no Pará. Lá o sistema deve operar pelo menos até o fim do ano, experimentalmente.
Se a proposta mostrar resultados positivos, a idéia é levar o mesmo modelo de produção de energia a outras vilas isoladas da Amazônia. "Nós queremos que essas comunidades tenham acesso aos benefícios que a eletricidade traz", diz Orlando Cristiano, pesquisador "quase brasileiro" do Cenbio e coordenador do projeto -nascido em Guiné-Bissau, ele já está há cerca de 20 anos no país.
O projeto, custeado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) com verba do Fundo Setorial de Energia Elétrica, não parte de uma premissa revolucionária. Em comunidades isoladas, o cabeamento para levar eletricidade é uma opção inviável. Resta apenas a produção local de energia, com o uso de motores tradicionais.
Isso é o que em geral já acontece, mas com motores a diesel. Esses equipamentos consagrados apresentam dois inconvenientes: além de exigirem o transporte do diesel até o local do uso, em quantidades significativas, também fazem uso de um combustível não-renovável, derivado de petróleo.
O modelo não dispensa totalmente o diesel, mas radicaliza na economia do combustível. "Numa operação de seis horas, com o motor convencional, você gastaria uns 120 litros de óleo diesel. Com as modificações, você só precisa de 10 litros", diz.
O diesel ainda é necessário na hora de ligar o motor, para aquecê-lo até o ponto em que pode queimar o óleo de palma com eficiência. No desligamento, ele também é útil para promover a limpeza dos sistemas internos.
Embora o recurso do óleo de palma seja adequado ao ambiente amazônico, não basta plantar para obter o combustível --é preciso beneficiá-lo numa região próxima. O projeto inclui uma parceria com a Agropalma, companhia do Pará que já se comprometeu a fornecer 40 mil litros de óleo de palma para alimentar o motor até o final do ano. Depois disso, a empresa pretende comprar a produção de pequenas plantações locais e processá-la.
Até agora, o projeto consumiu R$ 449 mil. "Claro, isso inclui os estudos. Se formos implantar depois em outra comunidade, o custo vai ser menor", diz Cristiano.
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