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12/04/2003
-
04h27
da Folha de S.Paulo
Uma guerra no Oriente Médio -igualmente brutal, mas bem mais antiga que a do Iraque- foi agora corretamente identificada, no tempo e no espaço, por cientistas em Israel.
O aperfeiçoamento da cronologia histórica dá apoio à hipótese de que o rei hebreu Salomão, glorificado na Bíblia como soberano sábio e poderoso, de fato pode ser qualificado ao menos com o segundo desses adjetivos, pela imponência das construções agora confirmadas como obras suas.
Usando o tradicional teste de carbono-14 para datação, os arqueólogos puderam localizar o ponto correspondente à destruição da cidade israelita de Rehov durante uma campanha do faraó egípcio Shoshenq 1º, mencionado na Bíblia como Shishak (ou Sesac). A invasão do faraó é narrada no Primeiro Livro dos Reis (capítulo 14, versículos 25-26) e no
Segundo Livro das Crônicas (capítulo 12, versículos 3-4).
Rehov foi destruída e reconstruída muitas vezes, deixando várias camadas de ocupação, entre as quais figuram as marcas dos incêndios que ocorreram durante suas tomadas e saques. Para as datações com carbono-14 foram usados grãos e caroços de azeitona carbonizados desses estratos marcados pela guerra.
O estudo, coordenado por Hendrik J. Bruins (Universidade Ben Gurion do Negev, em Israel), saiu na última edição da revista científica norte-americana "Science" (www.sciencemag.org).
"Para a Idade do Ferro em Israel, em relação aos dados bíblicos sobre Salomão, o sincronismo com o faraó Shishak em geral e sua campanha militar em particular é de extrema importância, por causa do elo textual direto com a cronologia do antigo Egito", disse Bruins à Folha.
"Pela primeira vez nós fomos capazes, baseados em datação independente de radiocarbono, e não meramente na opinião acadêmica, de associar uma camada específica de destruição da Idade do Ferro com o faraó Shishak", afirma o pesquisador. "Isso significa que essa camada pode ser considerada "salomônica", porque os textos em hebraico antigo dizem que Shishak e Salomão estavam vivos e ativos no mesmo período."
Salomão é tradicionalmente considerado um dos mais poderosos reis hebreus, construtor do templo de Jerusalém e de grandes fortificações em cidades como Megido, Hazor e Gezer. A imponência das construções do período salomônico em Tel Rehov indicariam que a visão tradicional de Salomão como um grande rei estaria correta.
Uma historiografia e uma arqueologia revisionistas, no entanto, procuraram mostrar que esses grandes complexos arquitetônicos na verdade seriam construções mais recentes, e que a glorificação dos reis Davi e seu filho Salomão era exagerada. Os dois teriam sido meros chefes tribais.
A data aceita pelos historiadores para o ataque egípcio é em torno de 925 a.C., ou cinco anos depois da morte de Salomão. Depois dele, a monarquia hebraica partiu-se em dos reinos, Israel e Judá.
"As datações por radiocarbono se relacionam muito bem com a cronologia egípcia. É inconsistente aceitar Shishak e Jeroboão e rejeitar Salomão.
Todos os três são mencionados no texto", diz Bruins. Jeroboão usurpou do filho de Salomão o reino de Israel.
Nova data de sítio confirma poderio do rei Salomão
RICARDO BONALUME NETOda Folha de S.Paulo
Uma guerra no Oriente Médio -igualmente brutal, mas bem mais antiga que a do Iraque- foi agora corretamente identificada, no tempo e no espaço, por cientistas em Israel.
O aperfeiçoamento da cronologia histórica dá apoio à hipótese de que o rei hebreu Salomão, glorificado na Bíblia como soberano sábio e poderoso, de fato pode ser qualificado ao menos com o segundo desses adjetivos, pela imponência das construções agora confirmadas como obras suas.
Usando o tradicional teste de carbono-14 para datação, os arqueólogos puderam localizar o ponto correspondente à destruição da cidade israelita de Rehov durante uma campanha do faraó egípcio Shoshenq 1º, mencionado na Bíblia como Shishak (ou Sesac). A invasão do faraó é narrada no Primeiro Livro dos Reis (capítulo 14, versículos 25-26) e no
Segundo Livro das Crônicas (capítulo 12, versículos 3-4).
Rehov foi destruída e reconstruída muitas vezes, deixando várias camadas de ocupação, entre as quais figuram as marcas dos incêndios que ocorreram durante suas tomadas e saques. Para as datações com carbono-14 foram usados grãos e caroços de azeitona carbonizados desses estratos marcados pela guerra.
O estudo, coordenado por Hendrik J. Bruins (Universidade Ben Gurion do Negev, em Israel), saiu na última edição da revista científica norte-americana "Science" (www.sciencemag.org).
"Para a Idade do Ferro em Israel, em relação aos dados bíblicos sobre Salomão, o sincronismo com o faraó Shishak em geral e sua campanha militar em particular é de extrema importância, por causa do elo textual direto com a cronologia do antigo Egito", disse Bruins à Folha.
"Pela primeira vez nós fomos capazes, baseados em datação independente de radiocarbono, e não meramente na opinião acadêmica, de associar uma camada específica de destruição da Idade do Ferro com o faraó Shishak", afirma o pesquisador. "Isso significa que essa camada pode ser considerada "salomônica", porque os textos em hebraico antigo dizem que Shishak e Salomão estavam vivos e ativos no mesmo período."
Salomão é tradicionalmente considerado um dos mais poderosos reis hebreus, construtor do templo de Jerusalém e de grandes fortificações em cidades como Megido, Hazor e Gezer. A imponência das construções do período salomônico em Tel Rehov indicariam que a visão tradicional de Salomão como um grande rei estaria correta.
Uma historiografia e uma arqueologia revisionistas, no entanto, procuraram mostrar que esses grandes complexos arquitetônicos na verdade seriam construções mais recentes, e que a glorificação dos reis Davi e seu filho Salomão era exagerada. Os dois teriam sido meros chefes tribais.
A data aceita pelos historiadores para o ataque egípcio é em torno de 925 a.C., ou cinco anos depois da morte de Salomão. Depois dele, a monarquia hebraica partiu-se em dos reinos, Israel e Judá.
"As datações por radiocarbono se relacionam muito bem com a cronologia egípcia. É inconsistente aceitar Shishak e Jeroboão e rejeitar Salomão.
Todos os três são mencionados no texto", diz Bruins. Jeroboão usurpou do filho de Salomão o reino de Israel.
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