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16/04/2003 - 10h43

Fiocruz testa plantas da mata atlântica no combate ao câncer

REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

A mata atlântica e o cerrado de Minas Gerais acabam de entrar na mira da bioprospecção -a busca por organismos com potencial farmacêutico ou comercial. Até o fim do ano que vem, pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) pretendem recolher e testar 3.000 espécies de planta e cem espécies de fungo contra doenças como o câncer, o mal de Chagas e a leishmaniose.

A fase de novas coletas ainda depende de autorização, mas a equipe do Centro de Pesquisas René Rachou, em Belo Horizonte, está em plena atividade. Com base numa biblioteca de extratos vegetais obtidos anteriormente, já conseguiu resultados promissores contra alguns tipos de tumor e contra o micróbio Trypanosoma cruzi, causador do mal de Chagas.

"Algumas das plantas são de gêneros nunca antes investigados", diz o farmacêutico Carlos Zani, 45, coordenador do projeto. "Vários extratos, oriundos de plantas da família das leguminosas e da família das asteráceas [a dos crisântemos], mostraram atividade significativa em um ou mais ensaios", afirma. Zani não revela quais são as espécies promissoras.

O número de novas espécies recolhidas (ainda não presentes no banco de extratos da Fiocruz) deve ficar entre 1.000 e 2.000, comparável às 1.200 de um projeto similar de bioprospecção conduzido pela rede Biota, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Diferentemente do projeto paulista, contudo, a idéia é recolher uma amostra aleatória de espécies nativas em reservas florestais de Minas, de preferência as que ainda não tenham uso na medicina popular. Além das espécies de planta, estão na mira dos pesquisadores fungos basidiomicetos (do tipo dos cogumelos).

Zani diz que os testes realizados até agora são de dois tipos. Um deles verifica a capacidade dos extratos de impedir a proliferação de tumores, ao misturá-los a três linhagens de células cancerosas.

No caso do mal de Chagas, os pesquisadores estão explorando o potencial das plantas e fungos para barrar a ação da tripanotiona redutase.

Essa enzima (molécula que acelera reações químicas) é essencial para que o Trypanosoma cruzi consiga se desfazer dos radicais livres, átomos soltos de oxigênio que levam ao envelhecimento do parasita. Descobrir algo que impeça essa manutenção celular ofereceria uma nova estratégia contra o micróbio. Cerca de mil extratos já passaram pelos dois tipos de teste.

No decorrer do projeto, as espécies coletadas também devem ser testadas contra o microrganismo causador da leishmaniose, de acordo com Zani. Outro alvo dos pesquisadores é a capacidade de controlar o sistema de defesa do organismo humano, algo que pode ser útil para combater a rejeição de transplantes.

O projeto tem apoio da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e conta com verba de R$ 350 mil. Também participam a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e o Cetec (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais).
 

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