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02/11/2000 - 04h17

Lastro de navio difunde micróbios pelo mundo

CLAUDIO ANGELO, da Folha de S.Paulo

Quem acha que a humanidade ainda será destruída por um micróbio assassino tropical tem mais um motivo para entrar em pânico: organismos causadores de doenças como o cólera podem estar viajando pelo planeta de carona em lastros de navio.

Um grupo de pesquisadores dos EUA relata hoje na revista "Nature" (www.nature.com) ter achado altas concentrações de bactérias e organismos viróides (parecidos com os vírus) em amostras de água usada como lastro em navios que chegam à baía Chesapeake (Maryland, EUA).

Entre os micróbios encontrados está o Vibrio cholerae, agente causador do cólera.

Análises da água mostraram uma média de 800 milhões de bactérias e 7 bilhões de viróides em cada 1 dos 12 bilhões de litros de água
despejados anualmente na baía por barcos que vêm de outras regiões ou países.

Os pesquisadores temem que uma linhagem "estrangeira" do vibrião colérico, em contato com populações nativas da bactéria -que vivem em equilíbrio no mar-, possa produzir uma linhagem virulenta e acabar espalhando a doença para humanos.

"Não sabemos ainda que outros microrganismos podem estar sendo transferidos", disse à Folha Gregory Ruiz, do Centro Smithsoniano de Pesquisa Ambiental, principal autor do estudo. "Mas a quantidade de micróbios potencialmente patogênicos transportada é muito alta."

Espécies invasoras

Desde o século 19 os navios usam água para manter a estabilidade. Essa água é carregada no porto de partida e descarregada ao longo do caminho.

Algumas espécies de moluscos, águas-vivas e crustáceos acabam pegando uma carona involuntária no lastro e sendo descarregadas num porto distante. Sem inimigos naturais no novo lar, esses clandestinos acabam dizimando espécies nativas.

Um caso famoso é o do mexilhão-zebra, que partiu da Europa e acabou com os mariscos nativos na costa atlântica dos EUA.

O mesmo pode estar acontecendo com os microrganismos. "Temos razões para pensar que micróbios alienígenas tenham causado epidemias em animais marinhos ao longo da última década", disse Ruiz. "Até agora, muitos atribuíam essas doenças à mudança climática, porque ninguém havia considerado o lastro."

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