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05/06/2003 - 07h46

Camada de ozônio deve voltar ao normal ainda neste século

da Folha de S.Paulo

De um lado, cientistas japoneses dizem que a camada de ozônio deve voltar à plena saúde até 2040. Do outro, simulação feita pelo Centro Nacional de Pesquisa Meteorológica da França mostra que o buraco no ozônio só deverá diminuir a partir de 2050, mesmo com a redução nos principais gases que o provocam.

Mesmo com a divergência de datas, as pesquisas mais recentes apontam para uma recuperação da camada de ozônio, que atingiu seu tamanho máximo na última década, ainda neste século.

Divulgação/GSFC/Nasa
O aumento da temperatura na Antártida ajudou a reduzir o buraco na camada de ozônio em 2002, diz a Nasa
A recuperação, segundo os cientistas japoneses, é resultado direto da contenção das emissões dos gases halógenos (que possuem em sua composição átomos de cloro, flúor, bromo ou iodo), dos quais fazem parte os CFCs (clorofluorocarbonetos), antes usados em sprays e refrigeradores. As reduções partiram de um protocolo internacional assinado em Montréal em 1987.

Quando emitidos, esses gases vão para a alta atmosfera, onde atuam como verdadeiras "marretas" do ozônio --um tipo de gás oxigênio "turbinado" (altamente reativo e instável), com três átomos de oxigênio por molécula em vez de dois. Ao encontrar o ozônio, os CFCs induzem a quebra da molécula, e o que sobra do desmanche é simples oxigênio (O2).

Embora ozônio não seja mesmo flor que se cheire (é altamente tóxico, se inalado), é lamentável que ele suma da alta atmosfera da Terra. Àquela altitude, o O3 passa de vilão a mocinho, formando um escudo invisível que protege a superfície do planeta contra os raios ultravioleta vindos do Sol, nocivos para a maioria das formas de vida, inclusive os humanos.

Nas últimas décadas, com o avanço do progresso industrial, mais e mais halógenos acabaram sendo liberados na atmosfera, e o estrago na camada de ozônio não demorou a ser sentido. O comportamento das massas de ar induziu à concentração da destruição em regiões bem específicas. A maior delas fica sobre a Antártida, onde um enorme buraco tem sido observado, cada vez maior, ao longo dos últimos anos.

Simulação no computador

Entretanto, o corte nas emissões de halógenos a partir do Protocolo de Montreal está eliminando o desenrolar de um futuro catastrófico, ocasionado pelo crescimento desenfreado do rombo "ozônico" --ao menos no computador.

O que já é uma boa coisa. O modelo atmosférico produzido por Tatsuya Nagashima, do Instituto Nacional para Estudos Ambientais japonês, e seus colegas reproduz com sucesso o comportamento do ozônio ao longo dos últimos 14 anos e prevê sua evolução durante os próximos 40.

Ele mostra que o buraco sobre a Antártida deve começar a reduzir nos próximos anos, lentamente até 2015 e de forma acelerada até o final da década de 2030. Em 2040, os pinguins antárticos poderão respirar aliviados, com níveis normais de O3 sobre suas cabeças.

Muitas variáveis

Claro, se a camada de ozônio só se restaurar em 2043, não bata à porta de Nagashima pedindo seu dinheiro de volta. "Um valor do ozônio no modelo em um ano específico não é um valor real do ozônio. O que quero dizer é que 2035 em nosso estudo não vai ocorrer perfeitamente em 2035 na atmosfera real", afirma o pesquisador, que publicou seus resultados na última edição da revista científica "Geophysical Research Letters" (www.agu.org/grl).

Mesmo assim, ele considera sua pesquisa evidência sólida de como a alta atmosfera vai se comportar durante as próximas décadas, por ser um modelo mais completo que os anteriores. Outros já haviam previsto o fechamento do buraco antártico, mas apresentavam o surgimento de outro, no pólo Norte. O dele não leva a esse resultado.

Está tudo dominado?

Os resultados observados e previstos são surpreendentes para Nagashima, em um sentido até filosófico. "Acho que a atual crise do ozônio inesperadamente mostra a habilidade dos humanos para alterar as grandes variáveis em nosso planeta", afirma o pesquisador. Em compensação, ainda há muitas incógnitas em jogo para que a humanidade se declare senhora absoluta do planeta.

"Estudos de modelagem só podem indicar uma faixa de probabilidades", diz Nagashima. Embora o modelo dele seja um dos mais detalhados já desenvolvidos para responder à questão do ozônio, ele não é completo, nem totalmente preciso _quando outras variáveis forem computadas, ninguém garante que o resultado será o mesmo. "Se há resultados vagos o suficiente para incluir também futuros alternativos, isso está longe de ser o 'controle' da natureza pela espécie humana."

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