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03/07/2003
-
07h19
da Folha de S.Paulo
Dois dos grandes vilões da contaminação de solo e lençóis freáticos podem estar com os dias contados. A notícia vem dos EUA, onde foi descoberta uma bactéria que transforma poluentes perigosos em substâncias inofensivas.
O micróbio, denominado BAV1, consegue remover do ambiente o dicloroeteno, uma toxina poderosa, e o cancerígeno cloreto de vinila. As substâncias derivam de solventes orgânicos comuns na indústria, uma dor-de-cabeça rotineira quando se fala em poluição de solo e lençóis freáticos.
Por exemplo, no ano passado, esses produtos estiveram relacionados a um caso de contaminação na Vila Carioca, zona sul de São Paulo. O solo foi poluído pelo solvente tetracloroeteno, utilizado para limpar reservatórios de gasolina da Shell na região. A Vigilância Sanitária de São Paulo descobriu que o solvente atingiu um poço de água destinado ao consumo humano, em um condomínio próximo à empresa.
No subterrâneo, o tetracloroeteno produz os dois contaminantes combatidos pela BAV1. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) ainda mantém o local da zona sul em sua lista de áreas contaminadas e trabalha em sua recuperação.
Desintoxicação completa
Quem descobriu a bactéria foi a equipe do bioquímico alemão Frank Löffler, pesquisador do Instituto Tecnológico da Geórgia. A pesquisa foi publicada na edição de hoje da revista "Nature" (www.nature.com).
O micróbio, que tem formato de disco, consegue sobreviver na ausência de oxigênio, o que é bastante útil, já que os poluentes frequentemente estão presentes em ambientes subterrâneos, nos quais não há oxigenação.
A BAV1 usa o cloreto de vinila e o dicloroeteno para produzir energia, da mesma forma que os humanos usam o oxigênio.
"Havia uma dificuldade em achar um organismo que removesse de forma completa esses dois componentes. Por isso, muitas vezes não se conseguia desintoxicar completamente o ambiente contaminado", disse Löffler à Folha. O próximo passo do cientista é estudar a fisiologia da bactéria a fundo, de maneira a monitorar e aumentar a eficiência da introdução do micróbio no ambiente contaminado.
Löffler já fez pequenos testes de campo com resultados animadores: ele conseguiu descontaminar um volume de 173 metros cúbicos de solo contaminado em seis semanas, o que pode ser considerado excepcional.
Para aumentar a escala de testes, o bioquímico fez um convênio com a empresa californiana Regenesis, que pretende explorar comercialmente a descoberta, transformando-a em produto.
Nos Estados Unidos, o dicloroeteno e o cloreto de vinila estão presentes em mais de metade das áreas consideradas contaminadas pela Agência de Proteção Ambiental do país.
Especial
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Nova bactéria "devora" poluentes do solo
MARCUS VINICIUS MARINHOda Folha de S.Paulo
Dois dos grandes vilões da contaminação de solo e lençóis freáticos podem estar com os dias contados. A notícia vem dos EUA, onde foi descoberta uma bactéria que transforma poluentes perigosos em substâncias inofensivas.
O micróbio, denominado BAV1, consegue remover do ambiente o dicloroeteno, uma toxina poderosa, e o cancerígeno cloreto de vinila. As substâncias derivam de solventes orgânicos comuns na indústria, uma dor-de-cabeça rotineira quando se fala em poluição de solo e lençóis freáticos.
Por exemplo, no ano passado, esses produtos estiveram relacionados a um caso de contaminação na Vila Carioca, zona sul de São Paulo. O solo foi poluído pelo solvente tetracloroeteno, utilizado para limpar reservatórios de gasolina da Shell na região. A Vigilância Sanitária de São Paulo descobriu que o solvente atingiu um poço de água destinado ao consumo humano, em um condomínio próximo à empresa.
No subterrâneo, o tetracloroeteno produz os dois contaminantes combatidos pela BAV1. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) ainda mantém o local da zona sul em sua lista de áreas contaminadas e trabalha em sua recuperação.
Desintoxicação completa
Quem descobriu a bactéria foi a equipe do bioquímico alemão Frank Löffler, pesquisador do Instituto Tecnológico da Geórgia. A pesquisa foi publicada na edição de hoje da revista "Nature" (www.nature.com).
O micróbio, que tem formato de disco, consegue sobreviver na ausência de oxigênio, o que é bastante útil, já que os poluentes frequentemente estão presentes em ambientes subterrâneos, nos quais não há oxigenação.
A BAV1 usa o cloreto de vinila e o dicloroeteno para produzir energia, da mesma forma que os humanos usam o oxigênio.
"Havia uma dificuldade em achar um organismo que removesse de forma completa esses dois componentes. Por isso, muitas vezes não se conseguia desintoxicar completamente o ambiente contaminado", disse Löffler à Folha. O próximo passo do cientista é estudar a fisiologia da bactéria a fundo, de maneira a monitorar e aumentar a eficiência da introdução do micróbio no ambiente contaminado.
Löffler já fez pequenos testes de campo com resultados animadores: ele conseguiu descontaminar um volume de 173 metros cúbicos de solo contaminado em seis semanas, o que pode ser considerado excepcional.
Para aumentar a escala de testes, o bioquímico fez um convênio com a empresa californiana Regenesis, que pretende explorar comercialmente a descoberta, transformando-a em produto.
Nos Estados Unidos, o dicloroeteno e o cloreto de vinila estão presentes em mais de metade das áreas consideradas contaminadas pela Agência de Proteção Ambiental do país.
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