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22/07/2003 - 07h59

Pesquisa confirma existência da energia escura no espaço

SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Comparando uma imagem do Universo quando era bebê com uma que mostra seu estado atual, cientistas americanos concluíram que há mesmo uma forma de energia desconhecida acelerando o ritmo de expansão do cosmos.

O estudo foi feito usando dados de um novo satélite da Nasa (agência espacial americana), o WMAP, e de uma vasta pesquisa de até um quarto do céu visível, a Sloan Digital Sky Survey. Correlacionando as informações provenientes dessas duas fontes, os astrônomos conseguiram encontrar o que definiram como a "assinatura" da energia escura --uma entidade misteriosa que ninguém sabe o que é, mas seria responsável pela aceleração da expansão cósmica. As conclusões foram apresentadas ontem no CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro.

É lá que ocorre a 10ª Reunião Marcel Grossman de Relatividade Geral, um dos mais importantes eventos mundiais sobre cosmologia e gravitação, pela primeira vez realizado no Brasil. Ryan Scranton, da Universidade de Pittsburgh, EUA, fez sua apresentação pela manhã, e os resultados foram distribuídos pela internet. Um artigo sobre o assunto já foi submetido à revista científica "Physical Review Letters" (prl.aps.org).

A maioria dos pesquisadores hoje acredita que o Universo começou com num único ponto infinitamente denso e energético e, após uma grande explosão (o Big Bang), se diluiu para formar o cosmos como ele é visto hoje.

Pelos modelos cosmológicos tradicionais, a expansão do Universo seria única e exclusivamente alimentada por essa explosão inicial, mas seu ritmo seria reduzido pela atração entre as galáxias gerada pelas forças gravitacionais. Mas o que os pesquisadores descobriram recentemente, estudando explosões de estrelas localizadas a bilhões de anos-luz daqui, é que o cosmos na verdade está acelerando seu ritmo de expansão --o que exige alguma outra forma energética, diferente da gravidade, para que tudo faça sentido. É aí que entra a energia escura.

Os novos resultados confirmam, por outra via, que a energia escura deve mesmo estar lá, e que os estudiosos das explosões estelares não estavam malucos. Agora falta só achar o melhor modelo cosmológico que consiga explicar como funciona e o que é essa misteriosa energia que compõe até 70% de tudo que existe no Universo --tarefa nada trivial.

"Nos últimos cinco anos percebemos que há algo errado com nossos modelos cosmológicos", diz Bob Nichol, da Universidade Carnegie Mellon, colega de Scranton no estudo. "Esperamos que esse e nossos futuros resultados ajudem a esclarecer o mistério."
 

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