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08/11/2000 - 17h16

Florestas e oceanos não poderão conter o aquecimento do planeta

da France Presse
em Paris

Os oceanos e as florestas, que atualmente absorvem metade do gás carbônico lançado na atmosfera, não poderão conter o aquecimento do planeta em um futuro próximo, conforme indicam estudos realizados por cientistas franceses e britânicos.

E, o que é ainda mais grave, as florestas, que hoje atuam como "poços de carbono" (absorvem mais gás carbônico com a fotossíntese do que o que despejam na atmosfera), vão degradar-se com o aumento da temperatura até se transformarem em emissores significativos de CO2 em 2050, segundo um estudo do Instituto britânico de meteorologia Hadleys que será publicado amanhã na revista Nature.

O papel dos "poços de carbono" das florestas é um dos temas polêmicos das negociações que serão iniciadas em 13 de novembro em Haia, com o patrocínio da ONU, e que se destinam a limitar as emissões de gases que causam o efeito estufa no contexto do protocolo de Kyoto.

As pesquisas científicas francesa e britânica questionam o papel positivo, que geralmente é outorgado às florestas.

O estudo britânico afirma que a "biosfera terrestre atuará como um poço de carbono até aproximadamente 2050, e depois se transformará em uma fonte de emissão de gás carbônico".

Por outro lado, os oceanos, que também desempenham papel de poços de carbono graças às correntes marinhas e ao plâncton que contêm, serão menos eficazes diante do efeito do aquecimento climático.

No total, a temperatura pode aumentar 5,5ºC se for levada em consideração a interação entre o CO2, os oceanos e as florestas. E não os 4ºC, conforme prevê o modelo inicial do Centro Hadley.

Ignorar esta interação equivaleria a subestimar em mais de um terço o aumento de temperatura em decorrência das emissões de gases de efeito estufa, segundo o mesmo estudo.

Na França, as equipes de Hervé Le Treut e de Philippe Ciais (Instituto Pierre Simon Laplace) prevêem que "a vegetação será menos eficaz em um clima mais quente", mas suas conclusões são menos pessimistas do que as do Centro Hadley.

Hervé Le Treut considera que as inúmeras incógnitas a respeito das consequências do gás carbônico nos oceanos e na vegetação devem fazer com que "os poços de carbono não sejam levados em consideração nas negociações de Haia".
 

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